A opinião de ...

O que querem os polícias?

Através de um comunicado divulgado na tarde de domingo, dia 27 de Agosto, noticiado pela imprensa online, o governo decidiu substituir os responsáveis máximos das duas forças de segurança mais representativas no país. Tomaram posse em 4 de Setembro. Que tenham sucesso no desempenho das novas responsabilidades. Se assim for, continuará bem a nossa segurança. Os portugueses e outros cidadãos residentes e turistas, agradecem e reconhecem.
Na GNR, o Comandante Geral foi substituído por atingir o limite de idade. Quem sai é um oficial do Exército. Espera-se que tenha sido o último militar. Quem entra é um polícia, oficial de carreira da GNR. O primeiro a ser nomeado para o cargo. Inicia uma nova era. Os seus profissionais depositam nele a máxima confiança para melhorar as condições de trabalho mas também o reconhecimento e o respeito que lhes é devido e é merecido.
Na PSP, titula o DN que “sai o securitário Magina e entra o civilista Barros Correia”. São do mesmo curso. O primeiro Curso de Formação de Oficiais, 1984/89, ministrado pelo ISCPSI. A formação inicial, humanista e civilista, teve como base de referência os direitos liberdades e garantias dos cidadãos, num estado de direito, com destaque para a natureza dos princípios jurídicos da legalidade, proporcionalidade e adequação da intervenção policial, para que o bem fundamental que é a segurança pública possibilite aos cidadãos usufruir dos seus direitos como pessoas (ao mesmo tempo que cumprem os seus deveres) e às instituições funcionarem no cumprimento das respectivas funções, isto é, o funcionamento equilibrado da sociedade e das suas comunidades para prosseguir o bem comum. Os epítetos que a jornalista do DN, Valentina Marcelino, atribuiu a cada um dos oficiais da PSP, que bem justifica, advêm da carreira profissional e da visibilidade que os órgãos de comunicação social lhe têm dispensado, já que o escrutínio público da PSP e dos seus responsáveis é permanente, visível e intenso. A autora da notícia é, porventura, na classe, a jornalista que mais e melhor informação possui sobre as polícias, a que melhor noticia sobre segurança e criminalidade urbanas e que demonstra conhecimentos de qualidade sobre segurança interna.
Então o que se deve esperar do novo Diretor Nacional? As respostas estão no artigo. O país espera uma mudança séria do paradigma policial. Tem a expetativa de haver mais polícias nas ruas das suas cidades, mais visíveis e próximos, isto é, disponíveis para ouvir os problemas das pessoas, ganhar a sua confiança e aproveitar a riqueza das informações recolhidas (para uma prevenção criminal mais eficaz e de qualidade. Digo eu). Há 30 anos já era assim. Os polícias esperam que a sensibilidade do novo diretor consiga resolver os seus mais sérios problemas. Querem o respeito, a dignidade e o reconhecimento que lhe têm faltado. Querem recompensa pelo sacrifício de uma vida a exercer uma profissão de risco. Querem o rejuvenescimento do efetivo para que seja cumprido do estatuto da passagem à pré-aposentação.
O que o país quer e que os polícias esperam não depende do nome, nem do cognome, do director nacional, nem da capacidade técnica e negocial da sua excelente equipa, (tal como a anterior), mas exclusivamente dos políticos que nos governam. Só se lembram dos polícias quando algum serviço corre mal ou dela precisam.

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