A opinião de ...

São João Paulo II, as JMJ e a Universalidade da Fé!

Por estes dias, Lisboa acolhe mais de um milhão de peregrinos de mais de 150 países unidos pela fé nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), trazendo até nós o Papa Francisco pela segunda vez. Ocasião para recordar João Paulo II, o arauto do maior evento de massas da Igreja.
Entronizado a 22 de outubro de 1978, o polaco Karol Wojtyla foi o primeiro papa eslavo da história e o primeiro não italiano em 455 anos. 27 anos depois, a imagem que deixou é a de um misto de pai exigente, enérgico e justo, e de avô complacente, resistente e disponível! Parece que ainda o temos junto de nós e a sua presença sente-se nas JMJ, instituídas em 1985 e realizadas pela primeira vez em Roma, no ano seguinte. Nascia, assim, «um encontro multicultural, uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil». Doravante, as JMJ percorreriam treze países de quatro continentes, com participação de milhões de jovens unidos ao Santo Padre: Buenos Aires, Santiago de Compostela, Częstochowa, Denver, Manila, Paris, Roma e Toronto, com João Paulo II; Colónia, Sydney e Madrid, com Bento XVI; Rio de Janeiro, Cracóvia, Cidade do Panamá e Lisboa, com Francisco. João Paulo II, o Peregrino, Bento XVI, o Profético, e Francisco, o Popular, os três papas do nosso tempo e das JMJ.
Particularmente João Paulo II, sedutor na conquista das novas gerações, em quem depositava a esperança de um futuro confiável: “jovens, o Papa sente-se imensamente feliz na vossa companhia. Sejam os pais do futuro, sejam os filhos e filhas da luz”. Jovens que sentiam Cristo na sua presença e através dele O procuravam. Ativo na difusão da fé, correu mundo em incontáveis viagens apostólicas, cativando e sendo cativado pela liberdade e aventurança: “quero chegar a todos aqueles que rezam, desde o beduíno das estepes até ao monge do convento; desde o doente, os oprimidos até aos humilhados, a todos os lugares”. Afetivo no contacto com as multidões, esbateu a solenidade esfíngida papal, transformando praças, estádios, descampados em «novas catedrais cheias de povo orante». Viagens onde a abertura ao diálogo com outras igrejas marcou presença, abrindo uma nova página relacional entre Cristãos, Judeus e Muçulmanos, sendo o primeiro Papa a entrar e rezar numa sinagoga e numa mesquita. Como o foi deslocar-se a países protestantes como a Finlândia, da Escandinávia ou ao Reino Unido, bem como ao Oriente Ortodoxo. Foi também exemplo de uma igreja mais próxima dos pobres e dos deserdados, de mãos dadas com Santa Madre de Calcutá. Como ele referia, “não é com o dinheiro ou com o poder que a Igreja deve contar, mas com os pobres e os oprimidos”, fazendo jus que a Igreja vive da promessa dos ricos e da esmola dos pobres. Papa da Família, João Paulo II dispôs-se a lutar contra os desvarios comportamentais da sociedade. Desenvolveu uma teologia intransigível a desvios dogmáticos capazes de colocarem em causa as verdades de Cristo reveladas no Evangelho. Mostrou-se audacioso na política internacional, sendo um dos paladinos da falência do ateísmo marxista-leninista soviético. Foi prudente na economia, olhando a economia de mercado como um modelo passível de contribuir para o bem comum, enquanto criticou o explorador capitalismo selvagem. «Não tenhais medo», exortava, enquanto bandeira de esperança para uma humanidade receosa e temerosa. Resistiu a atentados contra a própria vida, constituindo o de 13 de maio de 1981 na Praça de São Pedro o mais gravoso, levando-o a venerar a Virgem Maria como Santa protetora e a encontrar em Fátima o seu altar espiritual. Que o acolheu por três vezes, a última em 12-13 de maio de 2000, ano do Jubileu, onde exprimiu a “profunda estima e afeto a todos os portugueses” e beatificou Francisco e Jacinta Marto.
Enfim, num mundo que apeia perante as dificuldades, carregou a cruz da sua enfermidade física até ao fim, um sofrimento pela expiação dos males que assolam a humanidade, a começar na velha europa a quem aconselhou “encontra-te”. Partiu para a casa do Pai na noite de 2 de abril de 2005. «Santo Subito», João Paulo II foi santo vestido de branco com que Deus nos agraciou neste nosso tempo.
Quanto às JMJ-Lisboa são um sucesso à portuguesa e que bem seria que as centenas de milhares de jovens se inscrevessem para … ficarem em Portugal, rejuvenescendo a Nação!

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