Mirandela

Plano de combate ao desperdício alimentar integra uma ‘app’ inovadora

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2022-10-06 10:42

Na Europa estima-se que anualmente sejam desperdiçados entre 30% e 50% dos alimentos comestíveis ao longo de toda a cadeia alimentar até chegar ao consumidor, representando uma perda anual de 89 milhões de toneladas na União Europeia, o que equivale a 179 kg por habitante.

Segundo um estudo de 2012, denominado “Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar, estima-se que, em Portugal, há um total de perdas e desperdícios alimentares que ascendem a 1 Milhão de toneladas por ano, o que corresponde a cerca de 97 quilos de desperdício alimentar por habitante.

O Município de Mirandela decidiu reforçar o seu contributo para a estratégia nacional de educação ambiental, no combate ao desperdício alimentar e no impulso à economia circular, ao delinear uma estratégia municipal, com a colaboração de entidades parceiras, que resultou na elaboração de um Plano Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar “Mirandela - Um Futuro Sustentável” do qual constam 11 medidas e 18 ações em vários âmbitos.

Uma delas está a ser elaborada pela Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela.

Trata-se de uma app denominada de “Chefe Sustentável”, uma ferramenta que ajude os consumidores a aproveitar as sobras da cozinha para outras receitas. “Nas nossas zonas mais rurais, antigamente nós fazíamos sempre o aproveitamento e o reaproveitamento dos alimentos, neste momento por ser mais fácil e porque não temos tempo são deitados no lixo e esta app visa permitir, com sugestões de receitas, esse reaproveitamento”, explica a presidente do Município de Mirandela.

A ideia é incluir nas sugestões “as tradições locais, as receitas que antigamente se faziam nas aldeias, com a participação das juntas e das freguesias dos concelhos”, acrescenta Júlia Rodrigues.

O Município vai também fornecer à restauração cem mil embalagens recicláveis para que os clientes “levem as sobras da comida para que não constitua um desperdício alimentar para o próprio restaurante”, mas ao mesmo tempo incentivar os profissionais da restauração para a implementação da dose certa de alimentos nas refeições servidas. “No nosso território temos uma excelente gastronomia e muitas vezes as doses vão além daquilo que nós somos capazes de consumir. Temos duas soluções, ou oferecemos meias doses ou damos um recipiente para que possam levar aquilo que não consumimos no restaurante”, refere a autarca.

Outra medida passa por ter dias dedicados no mercado municipal para a produção local poder vender tudo aquilo que não é aproveitado mas que tem qualidade para não ser desperdiçado. “Tudo o que sejam produtos que não tenham os calibres adequados, nomeadamente a chamada fruta feia, e que no mundo rural sempre foram aproveitados ou para alimentação dos animais, ou para fins culinários como confeção de compotas”, exemplifica Júlia Rodrigues que adianta a intenção de uma ação conjunta com a Associação Comercial e Industrial local para ser possível “fazer dias dedicados no mercado municipal e dinamizar este mercado. Temos produtos com menor valor comercial, mas se calhar de altíssima qualidade e que são muitas vezes desaproveitados”, conclui a autarca sublinhando que, neste primeiro ano, o objetivo “passa muito pela capacitação e sensibilização ambiental, consciencializar e mudar atitudes, ao longo de toda a cadeia”.

O Município de Mirandela elaborou e submeteu uma candidatura deste plano ao Fundo Ambiental, no valor de 60 mil euros, para financiamento das ações propostas, encontrando-se em processo de análise a aguardar decisão.

Assinaturas MDB