Direita canta vitória, esquerda lambe as feridas e abstenção preocupa
Coube à direita, sobretudo do PSD, cantar vitória após a noite eleitoral de domingo, mas outros partidos também reforçaram a votação apesar de não terem atingido os objetivos.
A abstenção no distrito foi ligeiramente inferior à de 2017 (rondou os 38 por cento) mas em Bragança foi a mais elevada nas autárquicas, talvez influenciada pelo período de pandemia que se viveu ao longo do último ano e meio, com quase 50 por cento de eleitores que não foram votar.
O PS perdeu três Câmaras (Vila Flor, Miranda do Douro e Mogadouro) e conquistou apenas uma (Freixo).
Com sete câmaras conquistadas contra cinco do PS, o presidente da Distrital do PSD, Jorge Fidalgo, sublinha a palavra 'vitória'.
" O balanço é positivo. Passámos de uma situação minoritária (5) para maioritária (7)", disse.
Sobra as surpresas da noite, nomeadamente em Mogadouro, Jorge Fidalgo revela que já esperava.
"Acompanhei e participei nos processos e, da campanha que estava a ser feita, foi-se ficando com a ideia que se podia conseguir o resultado que veio a acontecer. Foram duas vitórias significativas, quer em Miranda quer em Mogadouro", frisou.
Jorge Gomes de pedra e cal apesar da derrota
No PS, Jorge Gomes assumia a derrota, pelo menos no concelho de Bragança, onde foi candidato derrotado pela terceira vez, com a menor votação dos últimos anos (ficou aquém dos cinco mil votos).
"Assumo por inteiro o resultado no concelho de Bragança. A política é assim, umas vezes ganha-se, outras perde-se. Pensava ter um resultado melhor mas comecei a convencer-me que não poderia ser tão bom quanto desejava quando comecei a ver os resultados a nível nacional.
O balanço é negativo e não é da responsabilidade de ninguém", disse, antes de frisar: não houve nenhum candidato que fosse escolhido pela Federação. No PS, os presidentes de câmara que pretendessem recandidatar-se, nem sequer tinham de passar pelo crivo da concelhia nem da distrital. Eram naturalmente. E perderam naturalmente e outros ganharam naturalmente".
Por isso, não está disponível para eleições na Federação Distrital. "Facas [apontadas] sempre tive. Nunca tive foi medo a essas facas, não trabalho às escondidas. Que apareçam quando quiserem. O lugar da Federação não está em causa, a Federação não está disponível para eleições, quando houver veremos quem são os candidatos", disse, apontando a pandemia como uma das causas da derrota.
"Quando assumi a candidatura, estava internado no hospital e nem se sabia se iria sobreviver. Comecei a trabalhar na campanha eleitoral em maio. De dezembro a meio estive sempre com problemas de saúde, hospitalares. Começar a organização de uma campanha em maio é muito em cima", frisou.
Por sua vez, o líder distrital do Chega, José Pires, considerou que o terceiro lugar em Bragança foi objetivo cumprido. "Foi uma grande vitória da abstenção, em toda a linha. Ficámos em terceiro lugar, que era o lugar que o Chega queria ter. É uma vergonha ter numa junta com 60 por cento de abstenção [Sé, Santa Maria e Meixedo, em Bragança]", frisou. Foi a essa junta que se candidatou, tal como há quatro anos. Então teve 3178 votos contra os 1010 de agora. Garante que "o projeto do Chega é para continuar".
Fátima Bento, da CDU, enalteceu o reforço de votação. "Mantivemos os eleitos nas Assembleias que tínhamos e até reforçámos a votação. Em juntas mantivemos o eleito na junta de Rabal. Há sempre ganhos e perdas, inevitavelmente. Apesar das dificuldades inerentes a esta campanha, é positivo termos mantido a linha da frente (AM em Mirandela e Bragança), reforçando em Mirandela, o que indica que há reconhecimento pela população do trabalho efetuado.
Jóni Ledo, porta-voz do Bloco de Esquerda no distrito, lamentou a "bipolarização" nos dois principais partidos como causa para que o partido não tivesse elegido nenhum elemento em Vila Flor, Macedo e Bragança, onde concorreram, mostrando-se "triste" com o resultado.