Ernesto Carolino Gomes

A honestidade e o algodão...

Muito embora não fosse para tanto, atenta a proveniência, fiquei boquiaberto quando me foi dado ler que dirigente socialista afirmou representar a Grécia o reflexo da nossa situação, não fora a acção do partido onde o mesmo milita, aconchegado. Eu diria, simplesmente, o inverso: seríamos a outra face da mesma moeda grega se, equivocadamente, nos tivéssemos deixado embalar pelas melodias socialistas. Se a teimosia em negar o óbvio não fica bem, pior fica tentar virar o óbvio do avesso. A não ser que certa gente pretendesse a manutenção dos desmandos que tanto prejudicaram o país.


Até breve, meu Amigo!...

A sua vida não comportava segredos, ou os segredos não participavam da sua vida, porque sempre fez cristalino o seu passar dos tempos. Com a naturalidade e a pureza, a ingenuidade e a inocência de qualquer criança, verdade sem imaginação, traduzia para todos o seu dia a dia. Sem discriminações, livro aberto que todos liam, sala ampla de porta a franquear a entrada a qualquer um. E, virtude a relevar, jamais seriam falhas de atitudes ou comportamentos adequados, de saber estar e saber ser que ele poderia comunicar, simplesmente porque disso não existia na vida do meu vizinho Felisberto.


A honestidade e o algodão...

Muito embora não fosse para tanto, atenta a proveniência, fiquei boquiaberto quando me foi dado ler que dirigente socialista afirmou representar a Grécia o reflexo da nossa situação, não fora a acção do partido onde o mesmo milita, aconchegado. Eu diria, simplesmente, o inverso: seríamos a outra face da mesma moeda grega se, equivocadamente, nos tivéssemos deixado embalar pelas melodias socialistas. Se a teimosia em negar o óbvio não fica bem, pior fica tentar virar o óbvio do avesso. A não ser que certa gente pretendesse a manutenção dos desmandos que tanto prejudicaram o país.


Os afrancesados

Sentei-me numa esplanada da vila, na ânsia de me dessedentar, após uma jornada áspera, em dia de sol abrasador. Bem perto, três cidadãos para lá da meia idade falavam francês entre si. Todos portugueses.


Protecção dos animais e hipocrisia...

Como tantas outras todos os dias e a todas as horas, aquela gaivota insistia em se instalar na estância situada à beira-mar. Um zeloso funcionário tentou demovê-la do seu intuito, uma vez e outra vez, naturalmente porque incómoda para os utentes. Porventura confiante de que assim venceria a teimosia da ave, gesticulou com o pé na sua direcção, quiçá esperando que ela se desviasse para longe antes de a atingir. Gesto infeliz, porque, afinal, a gaivota não se mexeu e tombou, fulminada.


Justiça: realidade, ou ficção?...

Terminara o depoimento a testemunha arrolada por uma das partes, quando a  julgadora, dirigindo-se à constituinte da parte contrária e oficial do seu mesmo ofício, lhe atira: «Olá, Catarina!». E troca com ela dois amistosos beijos. A prebendada quadrou com um «Olá, senhora doutora!», ensaio, porventura, para salvar a face da desastrada colega. A testemunha, perante cenário tão esclarecedor, sentiu-se ferida nos seus princípios. Atitudes, formas de proceder e gestos como aquele contribuem para fazer jus a certos queixumes e vernáculos soados amiúde nas ruas e praças públicas.


Formas de vida...

O homem, trajando de forma um tanto ridícula, subia a rua em jeitos e trejeitos de vaidade. Acompanhava-o uma mulher pronta a fotografá-lo quando o mesmo lho solicitava: ora a mão posta no fecho da porta de um automóvel de luxo, ora no da porta de uma casa típica do lugar, ainda pintada de fresco. E, de cada vez, o homem ensaiava um ar de senhor de um mundo bem para lá do seu, ego preenchido. Quando regressar ao seu habitat natural, exibirá as fotografias obtidas noutro habitat artificial, que, por uns momentos de glória, da sua glória, foi compondo.


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