A opinião de ...

O significado do Voto

E afinal houve vencedores.
E nem foram inesperados.
É certo que há quem continue a fingir que não vê, a fingir que não ouve. Faz-me lembrar algumas crianças que quando alguém lhes diz algo que sendo evidente não querem admitir, tapam os ouvidos e começam a “martelar”: “Não te estou a ouvir! Nã nã nã nã! Não te estou a ouvir!”
E na verdade, havendo, seguramente, várias conclusões possíveis sobre as eleições há uma que me parece linear e cristalina. E que vai de encontro a algo que tenho defendido desde há algum tempo, publicamente.
Os partidos tradicionais continuam a ser os pilares da Democracia... mas carecem de alterações profundas e urgentes. Em vários aspetos, havendo contudo dois que são evidentes e que assim emergem das últimas eleições europeias:
- A forma como os diretórios partidários escolhem e impõem os candidatos não são democráticas e não respeitam a liberdade de escolha a que os cidadãos eleitores têm o direito quando se dispõem votar. Fica explícito na abstenção, embora não na totalidade, mas é inequivoco nas centenas de milhar de votos brancos e nulos que outros tantos cidadãos vieram depositar nas urnas para dizer que sim, votam, mas não se revêm em nenhum dos candidatos em disputa. Outros tantos confiaram os seus votos ao MPT cujo cabeça de lista, Marinho Pinto, não foi escolhido pelo diretório partidário. Segundo o próprio, foi ele, Marinho Pinto que escolheu o partido pelo qual queria concorrer e não o contrário. Claro que este é um caso particular e, provavelmente, não seria praticável se estendido. Mas contudo o sinal é claro e o resultado inequívoco. Obviamente que a alternativa à ditadura do “aparelho” são as primárias já levadas a cabo pelo Livre em Portugal e por outros partidos por essa Europa com resultados concretos como o espanhol EQUO – Movimento Primavera Europeia que estará representado em Bruxelas!
- Os políticos são conhecidos por ser uma classe corporativa e que se autoproteje. São muitos os exemplos que o demonstram apesar da “normal luta política” entre si. Nos antípodas está a comunidade dos cientistas que é, reconhecidamente, a única que se autodepura. Qualquer fraude científica (sendo raras também existem) é detetada, denunciada e punida pelos pares e não por nenhuma entidade ou força externa. Esta atitude deriva da essência dos investigadores na sua incessante procura pela verdade como resultado de ações lógicas e com evidente nexo de causa, efeito. Uma candidatura a deputado europeu tem de ser promovida com temas europeus e não com falsas e demagógicas diversões e desvios. Foi o que fez João Ferreira, candidato da CDU antigo bolseiro de investigação científica. Se a eleição é europeia discuta-se e fale-se da europa. Em política parece estranho, mas em ciência é óbvio!Nas europeias o MPT e a CDU souberam ler e ouvir os sinais óbvios que se detetam no eleitorado e ganharam. De certa forma também se pode dizer que o Livre está em escuta e a recolher os benefícios dessa atitute. Pelo contrário há outros, que continuam com os dedos metidos nos ouvidos a arremedarem: “Não te estou a ouvir! Nã nã nã nã! Não te estou a ouvir!”
 Nota: estou certo que a urgente reforma partidária pode e deve ser feita por dentro. É aos militantes que compete executá-la. Mas são os dirigentes que necessitam de tirar os dedos dos ouvidos e parar com a cantilena!
 

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