A opinião de ...

Hoje é um dia Especial

Hoje, dia 19 de Março, é um dia especial, na medida em que se comemora o chamado “dia do pai”. Na verdade todos os dias são os dias dos nossos queridos pais (incluindo a mãe, como é óbvio), pois sem eles não existiríamos. É um dia em que os tratamos com mais carinho, ou…nos lembramos deles pois já partiram, mas vivem sempre nos nossos corações. A sociedade tem mudado bastante, como muito bem disse Luís de Camões; “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; Muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”. É lindo e muito profundo este poema que eu adoro. Nos tempos da minha meninice, o mundo era muito diferente do mundo de hoje. Também já havia guerras (esta praga há sempre…), nomeadamente no ultramar, a chamada guerra colonial. Lembro-me perfeitamente de um dia de 1961, vivia eu então em Viana do Castelo, na Rua Manuel Espregueira, e “apanhei” sarampo, coisa muito vulgar naquela época e, como não podia sair do quarto que ficava no último andar, a minha querida e saudosa mãe ia-me sempre levar a comida à minha cama. Naquele dia ela demorou-se um pouco mais e eu como já tinha muita fome, chamei-a através de uma campainha que tinha perto da minha cama. Eis que ela, coitada, veio quase a correr e disse-me; “Olha Toninho, o teu pai e o teu irmão, estão “colados” ao rádio pois “rebentou” uma guerra em Angola”. Nunca mais me esqueci deste episódio da minha vida.
Mas, como disse o Luís de Camões; “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…e todo o mundo é composto de mudança….” E, assim aconteceu com a minha geração (a geração dos anos 50), da qual tenho muitas saudades. Nasci em 20 de Outubro de 1953 na vila de Arcos de Valdevez (Onde Portugal se Fez….), mas fui viver para Viana do Castelo ainda com poucos dias. Em Viana do Castelo, estudei no Colégio do Minho as três primeiras classes e, como a família se mudou para a rua da Bandeira, mudei para a Escola do Carmo (chamava-se assim porque ficava perto do Convento do Carmo), na quarta classe, tendo como professor um transmontano, chamado Sr. Professor David. A vida da minha geração era muito diferente. Em Viana, jogava futebol no Campo da Senhora d´Agonia e convivia muito com a “malta” da Ribeira, geralmente filhos de pescadores. Mas na minha Quinta dos Arcos de Valdevez, a minha geração vivia, embora sem passar fome, com muitas dificuldades, daí os pais se tornarem emigrantes, sobretudo na França, mas também na América e no Canadá. Enfim, hoje o mundo está muito diferente, com boas e más transformações e notícias. As más: são as guerras; os crimes que diariamente se podem ver nos diversos canais de televisão (e alguns jornais); os refugiados e o massacre horrível de idosos, mulheres e crianças. As boas são: a melhoria do nível de vida da maioria da população; os progressos da Medicina; da tecnologia, etc…
Hoje, como se comemora o dia do pai, devemos recordar os sacrifícios que eles fizeram para nos dar uma boa educação, um melhor nível de vida, enfim, para fossemos felizes. Por isso hoje, meu querido pai, dedico o dia a recordar-me de si, com bons e maus momentos. Sim, sinto saudades daquelas conversas que terminavam quase sempre em discussão, pois as diferenças das idades, e das mentalidades era muito grande. Hoje vou dedicar-te o dia. Até logo meu querido pai, qualquer dia voltamos a nos encontrar.

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3978

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