A opinião de ...

O Natal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) fez 75 anos no passado dia 10 de dezembro. A sua proclamação constituiu um marco histórico muito importante no estabelecimento dos direitos humanos fundamentais. A DUDH estabelece e determina que todas as pessoas têm direitos iguais, quaisquer que sejam a sua etnia, sexo, nacionalidade, língua, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos são inerentes à pessoa humana e à dignidade que lhe é devida. Estes direitos são universais, indivisíveis e inalienáveis. Representam uma importante conquista de toda a humanidade que tem guiado a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.
Em 1948, estava-se a viver ainda o rescaldo dos horrores da II Guerra Mundial, bem presentes na mente de todos os dirigentes políticos das nações, dos pensadores sociais e das sociedades. A barbárie que tinha sido a guerra, especialmente marcada pelos crimes cometidos contra a humanidade, como foram a perseguição sistemática e o assassínio de cerca de seis milhões de judeus pelo regime nazi de Hitler, que ficou para a história conhecido por Holocausto, bem como o lançamento de duas bombas atómicas, pelos Estados Unidos, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, onde morreram mais de 150.000 pessoas, só nos primeiros dias e muitas outras depois.
Tal como com a criação da Organização da Nações Unidas (ONU) em 1945, a DUDH visava salvaguardar a paz entre os povos e nações, reafirmar a dignidade e valor da pessoa humana, na igualdade de direitos das mulheres e dos homens, para criar condições de progresso social e melhorar as condições de vida dos povos.
Nas Festas de Natal celebra-se a fraternidade universal e a alegria do reencontro da família. No Natal é obrigação nossa pensar naqueles que não conseguem ou têm maiores dificuldades para viver o espírito de Natal. Vemos, ouvimos e lemos todos os dias notícias que nos permitem saber que o mundo está mesmo “virado às avessas”. O espírito de Natal e os objectivos da ONU e da DUDH em vez de prosseguirem e melhorarem as condições de vida das pessoas e das sociedades, como parecia ser um dado adquirido, estão cada vez mais esquecidos, são espezinhados e são vilipendiados pela humanidade. As guerras da Ucrânia, do Médio Oriente, do Sudão e muitos outros conflitos de menor dimensão ou visibilidade em diversas partes do Mundo são disso prova irrefutável. Notícias recentes referem que Israel está a usar a fome e a sede como arma de guerra contra os palestinianos, ao impedir deliberadamente a assistência humanitária, ao mesmo tempo que arrasa campos agrícolas, dificultando ainda mais as suas vidas.
À nossa volta encontramos pessoas que necessitam de ajuda para sobreviver. O número de pobres continua aumentar. Cada vez mais pessoas têm que sair de suas casas e abandonar o local onde nasceram para procurar melhores condições noutras terras, noutros países, para fugir à fome, à exploração, à exclusão social.
É caso para perguntar aos senhores do Mundo onde está a humanidade? Onde estão os direitos humanos proclamados, há 75 anos, pela DUDH e pela ONU? Onde está o espírito de Natal?

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3966

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