Europa, crise de modelo e liderança
Europa, temos um problema!, dito assim em jeito de adaptação da célebre frase referida pelo astronauta Jack Swigert durante a viagem da Apollo 13 à Lua, em 11 de abril de 1970.
Na verdade, aos dias de hoje, a Europa enfrenta mais que um, uma série de problemas, complexos e interligados, só para indicar alguns: a economia letárgica e dívidas públicas elevadas; sistema bancário hiperpolitizado; barreiras internas e excesso de regulação; o adormecimento na digitalização da sociedade; a crise migratória e ilegal e os desafios da integração; as desigualdades socioeconómicas; a polarização política extremista e o populismo; as tensões geopolíticas e modelo arcaico de segurança no seu território; declínio acentuado da taxa de natalidade e envelhecimento da população (que gera pressão sobre os sistemas de saúde, segurança social, etc); a transformação dos modelos de produção e, já agora, de consumo.
No entanto, de entre todos os problemas que se evidenciam, o principal, é mesmo o problema de falta de liderança ou, abordando o assunto de outra forma, de sustentabilidade e consistência das lideranças das instituições europeias (de muitos governos dos países europeus e de muitos dos eleitos como representantes dos cidadãos da União Europeia).
Daí que prolifera uma desconfiança, a tornar-se cada vez mais comum, em relação às instituições europeias que não conseguem responder adequadamente aos desafios e problemas reais das pessoas.
Poderá negar-se esta realidade, mas não as consequências da negação desta realidade.
Por tal, se veem estalar conflitos originados por razões ideológicas, económicas, militares e até religiosas. Parece alastrar-se, neste nosso continente, como uma febre compulsiva, uma cultura de alargado dissenso.
Novos muros ideológicos e identitários se levantam depois, entre as organizações políticas, movimentos culturais e grupos religiosos, respirando o mesmo sectarismo arrogante que serpenteia pela sociedade, pelos meios de comunicação social, pelas redes sociais, levando as pessoas a não serem tolerantes e a lutar por ter razão a qualquer preço. Isto não é nada bom!
Destarte, é preciso melhores lideranças, com mais sentido comum e da realidade concreta e não das suas bolhas existenciais, para a promoção de mais e melhor cooperação entre os países europeus.
Já é hora de, em diálogo e união, os países da União Europeia conjuntamente com outros países europeus, como o Reino Unido, encontrem as melhores soluções para os seus problemas, não estando à espera de outros Estados (e dos financiamentos... como dos EUA), na defesa da liberdade, da democracia, do estado de direito e da soberania inclusivamente territorial.
Tal só é possível pela renovação dos valores e dos vínculos de confiança entre eleitos e eleitores e pela reconstrução das instituições para realmente responderem às demandas sociais, económicas e políticas, priorizando o bem comum e a dignidade de cada ser humano.
Necessitamos de uma Europa mais ativa e proativa neste sentido.