Proposta do orçamento de Estado/2025 (3)
De acordo com a Constituição, foi apresentada na Assembleia da República, a proposta do orçamento de estado para 2025, seguindo-se agora o habitual período da discussão, que antecede a votação na generalidade.
Atendendo ao reduzidíssimo campo de manobra que, por única e exclusiva culpa sua, resta às oposições para terem qualquer influência no resultado desta votação, é de todo espetável que, com maiores ou menores polémicas e dificuldades, para ser aprovada, acabem por ser suficientes os votos dos partidos do governo da AD. No entanto, a ver vamos.
Em todo este enquadramento, ao contrário do que lhe é habitual, torna-se extremamente difícil interpretar o sentido enigmático da recente declaração do Presidente da República, proferida no final da semana passada, na qual, textualmente, declarou, alto e bom som, para quem o quis ouvir que, nos tempos mais próximos, “ O papel do Presidente, agora é estar calado”.
Da análise atenta à enorme panóplia de reações dimanadas de todos os quadrantes políticos , que se seguiram à apresentação da proposta de OE para 2025 na fase da discussão na generalidade em que se encontra, de todas as intenções possíveis subjacentes à Mensagem que o Presidente da República, muito embora tentasse passa-la com todo o recato para que ninguém pudesse culpá-lo por abrir mais uma polémica, tão inútil e como inoportuna, sobre um documento tão importante para o futuro de todos nós, com todo o respeito por todas as opiniões em contrário, jogo na vontade incontida de o professor Marcelo de Sousa passar para o país e para a generalidade da classe política, com especial enfoque nas oposições, todas elas vítimas das suas próprias contradições internas, a revelarem já uma indisfarçável sintomatologia de seu preocupante estado de desnorte político e ideológico, valendo-se para o efeito da mensagem clara e forte expressa nas conhecidas expressões populares:
“O melão calado é o melhor” e “O tolo calado por sisudo é tomado”.
Se era essa a sua intenção, é da mais elementar justiça reconhecer que acertou em cheio no alvo e felicitá-lo pela maneira exemplar, oportuna, hábil, direta e pedagógica como o fez, deixando aos visados muita pouca margem para, como vêm fazendo à demasiado tempo, no que diz respeito ao processo do orçamento do estado para 2025, teimarem em continuar a oferecer ao país este espetáculo deprimente e miserável de baixa comédia, com que se vão divertindo a si e iludindo os seus prosélitos, deixando, de uma vez por todas, de brincar com coisas sérias no parlamento, porque a Assembleia da República, ainda que muitas vezes o pareça, ainda não é, nem se pode permitir que se transforme numa espécie de sede de uma qualquer companhia ambulante de palhaços, que ganham honestamente o seu sustento, mostrando de feira em feira as suas habilidades.
Não é para isso que os deputados foram eleitos, e muito menos que são pagos com o dinheiro dos contribuintes.
Ou será que é mesmo?