A opinião de ...

Herois do mar, pobre povo, nação doente...

Se o hino nacional fosse composto hoje, seria este o seu primeiro verso, porque seria muito difícil para o seu autor ignorar as vergonhas e as misérias postas a nu pelo gigantesco terramoto que, na tarde do passado dia nove do corrente e com epicentro no campus da justiça de Lisboa, afundou perigosamente os pilares e as grandes referências da democracia.
Depois do espetáculo degradante proporcionado a todo o país por aquele juiz, travestido de advogado de defesa dos arguidos na denominada “Operação Marquês, um dos maiores, mais importante e mais mediático dos processos que, durante cerca de sete anos se arrastou, (ou arrastaram!) pelos tribunais, o ridículo saiu à rua, e deixou o país incrédulo e estupefacto, perante a argumentação ridícula, leviana, muitas vezes quase hilariante, (e isto para ser parco e poupar na dureza das palavras), que o senhor juiz aduziu, nem sequer conseguindo disfarçar, intencional ou involuntariamente que, naquele momento, as suas grandes prioridades foram, durante aquelas longas e intermináveis horas de tempo de antena que os media lhe puseram à disposição, disfrutar ao máximo e até à exaustão daquele seu grande momento de glória, preocupando-se apenas com:
- O culto da sua vaidade, ainda que até compreensível, mas muito mal disfarçada e da satisfação egocêntrica do seu próprio ego;
- Para levar a água ao seu moinho tentar desmontar, desvalorizar e descredibilizar, para depois, uma a uma, anular todas as acusações mais graves e importantes do processo, passando-lhes por cima a esponja da alegada prescrição, da fragilidade das provas, da subjetividade e da insustentabilidade da enorme gravidade que impendia sobre as ações manifestamente criminosas dos arguidos;
- Muito mais grave e lamentável que tudo isto, por vingança, distração, fanatismo, ignorar que estava a descredibilizar toda uma classe honesta e digna, a que também ele pertence, que o lançou para as luzes da ribalta.
O certo é que, não se sabendo bem se por incapacidade, incompetência ou por que outras razões insondáveis, fruto da sua mente privilegiada e só ao alcance dos sobredotados e das mentes superiores, por mais que custe a reconhecê-lo, temos de confessar que, numa primeira análise, a única coisa que ressalta aos olhos da grande maioria das pessoas, foi que se lançou na lama a reputação da justiça que ele tinha a obrigação de prestigiar, dos seus pares que ele tinha a obrigação de respeitar, e que foi reduzida a farrapos a confiança que, não obstante algumas fragilidades e acidentes de percurso de menor interesse por vezes manifestados, a generalidade das pessoas continuava a depositar no sistema judiciário do nosso país.
EM TEMPO: Os media acabam de divulgar que “O Secretário Geral da ONU, (para os mais distraídos o nosso A. Guterres), garantiu ao juiz Ivo Rocha, por mais dois anos o seu tacho,(sic!) na ONU.”
Atenção, não quero confusões, mas isto não sou eu que digo.

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3828

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