Diocese

D. Nuno Almeida viu em Bragança “exemplo para o mundo” na integração cultural

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2024-02-15 12:08

O bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, encontrou no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), durante a sua visita pastoral na Unidade Pastoral da Sra. das Graças, em Bragança, um “exemplo a nível mundial” de integração cultural. O prelado iniciou a sua visita pela instituição, na passada sexta-feira, precisamente com um momento de oração, no Espaço Inter-religioso do IPB, com representantes de várias religiões a participarem numa oração conjunta.

“Ao olharmos para o IPB, ficamos com um sentimento de gratidão a quem teve esta inspiração e foi construindo, ao longo dos tempos, esta comunidade educativa, com uma história muito fecunda. E depois, temos aqui, no momento presente, uma experiência multicultural, aquilo que é possível a Humanidade viver, em harmonia, viver a unidade na diversidade, dar as mãos, semear estas sementes de paz que estão a fazer falta no nosso mundo.

Temos a sensação, por vezes, perante os conflitos ativos, que a Humanidade retrocede ou que esquece as vítimas de violência. Onde existem espaços de convívio pacífico, de cooperação, de construir comunidade a partir da diversidade, significa que estamos a construir o futuro e uma humanidade mais fraterna e mais justa”, sublinhou D. Nuno Almeida.

Já o capelão da instituição, o Pe. Calado Rodrigues, acredita que Bragança é, por isso, “um exemplo para o mundo”.

“Com este bom entendimento e este bom relacionamento, nunca notei qualquer tipo de tensão no interior da comunidade académica”, frisou. “Costumo dizer que este deve ser o único espaço em Bragança em que a Bíblia está ao lado do Alcorão. E há este bom entendimento, pois todos utilizamos esta sala para diversas atividades, como a oração ecuménica, oração católica, meditação sem qualquer filiação religiosa, oração muçulmana. Só há duas outras religiões com que gostaria de ter mais contacto mas que ainda não consegui, que é o judaísmo e o hinduísmo. Sei que temos alunos mas não foi possível contactá-los. De resto, entre católicos e muçulmanos há um bom ambiente e esperemos que assim continue. E também há um bom ambiente intercultural. Temos aqui uma diversidade cultural extraordinária e nunca notámos tensões entre culturas diversas.

Um amigo meu de Lisboa, crítico de arte, que aqui há tempos me dizia que aqui em Bragança se sente como em Nova Iorque pois vê passar gente de todas as cores e todas as culturas. Às vezes nem nos apercebemos da riqueza para esta cidade da diversidade cultural”, finalizou o sacerdote.

Já Orlando Rodrigues, presidente do IPB, mostrou-se “sensibilizado” pela visita do bispo diocesano. “D. Nuno, reconhecendo e valorizando essa pluralidade de culturas que temos aqui, é para nós um gesto que muito nos sensibilizou”, destacou.

“Precisamos de olhar a realidade e não esconder que estamos num processo de desertificação”

D. Nuno Almeida começou a sua visita pastoral ainda no mês de janeiro e que lhe permitiu tomar contacto com a realidade da diocese. “Para mim, tem sido uma experiência de contemplação, de compreender o que Deus faz, através de pessoas, com nome, com rosto, através de instituições. No fundo, aquilo que tenho visto é o amor que vem de Deus, mas um amor que se torna ação e instituição. Estas primeiras semanas de visita foram de muita alegria e de compreender como na nossa diocese há instituições muito vivas e que estão abertas e voltadas ao serviço das pessoas, das famílias e, em particular, das pessoas mais vulneráveis. Tive oportunidade de visitar muitas instituições que acolhem os mais frágeis e como isto é decisivo e nos dá alegria e nos desafia a vencer e a melhorar sempre”, disse ao Mensageiro.

O prelado sublinha que não se pode esconder a realidade. “Precisamos de olhar a realidade e não esconder que estamos num processo de desertificação. Algumas comunidades estão quase sem habitantes, sem paroquianos. Ao mesmo tempo, damos conta de que encontramos pessoas que têm vontade de assumir responsabilidades, com vontade de obterem informação cristã suficiente para serem animadores e manterem viva a sua comunidade no que respeita à oração, à palavra, à caridade”, apontou o bispo diocesano. 

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