A opinião de ...

Transmontanos: mais uma vez vilipendiados ignorados e esquecidos

Comentando a discordância dos autarcas da CIM pela não inclusão no PRR da construção de algumas estradas importantes para o desenvolvimento integrado do Nordeste Transmontano, a ministra da Coesão(?!) Territorial, não se sabendo a que propósito, (vide texto publicado no “Mensageiro de Bragança”, de 4/3/2021, página 6), teve o desplante de, contrariando os autarcas locais, dizer que “esta é a pior maneira de fazer a discussão, a pior maneira de matar uma discussão e de a tornar frágil, é continuarmos num plano que quer mudar o país, mudar o interior, a termos como argumento apenas as estradas. Estas são um meio, são importantes, mas há muito mais que faz falta ao interior”, criticar que, “se continue a fazer uma discussão ultrapassada dois séculos”, e defender que o desenvolvimento destes territórios, “depende de tudo menos de estradas, as ligações transfronteiriças estão no PRR e são fundamentais porque fazem desaparecer a fronteira e, certamente as estradas que os presidentes das camaras revindicam são importantes, mas eu acho que por no topo da discussão as estradas é a melhor maneira de matar a discussão”. Senhores autarcas “assassinos das discussões”, tomem lá e embrulhem!
Perante tamanho desaforo desta senhora, bem na linha da imagem de marca dum governo relapso e contumaz na asneira, a minha primeira vontade foi pegar nas suas afirmações e, sem dó nem piedade, fazer em cacos esta lógica de bolso e a miserável argumentação aduzida para ridicularizar os nordestinos e achincalhar os seus legítimos representantes, ignorando que eles, sem as mordomias dos corredores alcatifados do poder instalado na capital, e em condições bem adversas, agravadas pela crónica mingua de recursos, fazem autênticos milagres para resolver os problemas da nossa terra e das suas gente, autarcas que só reivindicavam coisas tão modestas como a construção dos miseráveis 5/6 quilómetros do IC5 entre Duas igrejas e Miranda, a ligação de Macedo a Vinhais e la Gudinã, e a retificação duma dúzia de quilómetros da nacional 217 entre Carção e Vimioso, pequenos nadas que, comparados com a grande “bazucada”, seriam míseros trocados da percentagem que dela esperavam receber para o desenvolvimento da região.
Mas não, hoje vou limitar-me a fazer eco da mágoa, da tristeza e da revolta incontida de toda uma gente que, fazendo parte do mesmo país, se sente injustamente esquecida e vilipendiada, sem conseguir entender as razões desta incompreensível descriminação.
Que nos esqueçam e nos tratem como um mal necessário, porque estamos num país livre, diremos apenas abrigado e passem muito bem.
Mas que se arroguem o direito de nos tratarem como portugueses de classe inferior, gente atrasada, tapada e ignorante que não sabe o que diz nem o que quer, que tentem enganar-nos com palavrinhas mansas, mas falsas como Judas, nascidas de conceitos e de teorias desajustados da nossa realidade, minha senhora e meus senhores, isso nunca permitiremos nem desculparemos a ninguém e, como muito bem se diz por cá, “alto aí, e pare o baile”.
P. S. A propósito, dão-se alvíssaras a quem souber onde termina o dito “Ministério da Coesão Territorial” e começa a “Secretaria de Estado da Valorização do Interior”.

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