A opinião de ...

Confinar ou desconfinar, eis a questão!

Não obstante o muito que se tem dito e escrito sobre a situação pandémica que, de há uma no a esta parte, vem assolando a humanidade, a maneira como ultimamente tem vindo a ser abordada aos mais diversos níveis, parece querer obrigar as pessoas a aceitar que o único e grande problema que agora se coloca, mais que a enorme gravidade da própria pandemia, é saber se, como e quando se vai desconfinar, como se isso fosse a solução para todos os males.
Desvalorizam-se questões importantíssimas como proporcionar aos profissionais da saúde e a toda a estrutura que os apoia o urgente, indispensável e bem merecido descanso, avaliar e redimensionar a capacidade de resposta do SNS a um sempre provável novo surto do Covid-19, repor a atividade normal dos hospitais nas áreas não Covid, como a recuperação das assustadoras listas de espera e da retoma das consultas e das intervenções cirúrgicas adiadas por causa do combate à pandemia, caminhar para a imunização de grupo através da vacinação em massa, tão rapidamente quanto as condicionantes o permitam, e a urgência de começar a preparar o tão desejado e importante “dia seguinte” na atividade laboral, na recuperação da economia, na normalização da vida académica, etc., etc.
A atual tendência descendente dos números da epidemia, atendendo à imprevisibilidade das mutações do vírus e à persistência de outras condicionantes que continuam muito longe de estar definitivamente dominadas, porque se trata duma mera tendência, seja a que pretexto for, enquanto não estiver suportada em números robustos não poderá ser invocada para fundamentar decisões seguras sobre a continuidade do confinamento nos moldes atuais, pelo que, só porque a situação da pandemia começou a melhorar, não há nada que justifique esta doentia e perigosa paranoia anti confinamento, da qual, lamentável e incompreensivelmente, nem os responsáveis e lideres políticos deste país, (e no caso destes senhores, vá-se lá saber bem porquê, eu sei mas por hoje não vou dizê-lo a ninguém) estão imunes, doença esta que, se não for rapidamente curada, atendendo ao indisfarçável cansaço das pessoas causado pelas sucessivas renovações do estado de emergência, poderá induzir muita gente a tomar atitudes impensadas, capazes de deitar por água abaixo o muito que foi conseguido à custa de tantos trabalhos, tantas privações e tantos sacrifícios de tanta gente.
Mas é para ultrapassar situações como esta, que de fácil não tem nada, que os povos têm os seus lideres, exigindo deles que no exercício da sua nobre missão tenham arrojo, competência e espírito missão para tomar as melhores decisões em função dos interesses do bem comum, e não de interesses de terceiros, de grupos ou de ideologias.
Porque a incapacidade para decidir nas horas difíceis, mais do que cobardia, pode considerar-se um crime de lesa pátria, pede-se a todos aqueles que por interesses pessoais, ou porque não querem, não podem, não sabem ou não os deixam cumprir as suas obrigações perante quem os elegeu, que tenham a dignidade de se ir embora e, discretamente, saiam já, nem que seja pela porta dos fundos.

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3822

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