A opinião de ...

Qual é mesmo a definição de loucura?

Corre, à boca pequena, que, certo dia, Einstein, definiu a loucura como a repetição da mesma ação esperando resultados diferentes. Assim como quem insiste em dar cabeçadas na parede esperando que, a certa altura, lhe passe a enxaqueca.
Neste território a que agora chamamos Portugal, já os romanos diziam que o povo que por cá vivia tinha o seu quê de loucura, que não se governava nem se deixava governar.
A verdade é que vamos, todos, consistentemente, criticando e lamentando muitas das opções que se vão tomando para nosso desgoverno. Quando na oposição, um partido critica as opções do que governa. Mas quando sobe ao poder, repete o mesmo tipo de ações, que na prática vão travando o desenvolvimento do país e consumindo os seus parcos recursos.
Assim ao jeito da rotação em muitas câmaras municipais em que o sucessor troca os semáforos do antecessor por rotundas, para, na rotação seguinte, haver semáforos novamente.
É isso que vai acontecendo com o agora plano ferroviário nacional.
No século XIX, a implantação do comboio em todo o país foi um dos fatores que mais contribuiu para o desenvolvimento da Nação.
A dada altura, com o advento dos milhões europeus e dos financiamentos disponibilizados pelos bancos privados amigos, o alcatrão das autoestradas virou lei e levou ao desaparecimento, consciente e e propositado, de muitos dos caminhos de ferro que há um século estavam implantados.
Consciente e deliberadamente, evitaram-se pequenos investimentos de modernização no serviço que contribuíram, precisamente, para a justificação de o anular.
Como ainda esta semana lembrava o social-democrata Júlio de Carvalho, recordando uma intervenção sua em 1992 a propósito da linha do Tua, há 30 anos evitou-se um investimento de 15 milhões de contos (75 milhões de euros) na modernização da linha para justificar o seu encerramento.
Agora, passados 30 anos, chegou-se à conclusão que o comboio é que é o transporte do futuro, mais eficiente , rápido e amigo do ambiente. Discutem-se projetos não de 75, 100 ou 150 milhões de euros mas de milhares de milhões de euros para a construção de novas linhas servindo territórios antigos (alguns).
Desbaratam-se recursos para recuperar estruturas que já existiram em tempos. Apostam-se em projetos faraónicos sem o devido estudo do custo benefício para as populações.
Por exemplo, a ligação de Lisboa a Madrid por Trás-os-Montes tem uma estimativa de custos inferior à opção por Viseu em cerca de quatro mil milhões de euros e apresenta capacidade para servir mais população.
Portanto, insistir nos mesmos erros esperando que o resultado seja diferente (desta é que o país anda para a frente, nem que seja para o abismo), é o quê, mesmo?

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