A opinião de ...

Desconfinar não quer dizer desarmar

Depois de um período de certa acalmia no distrito de Bragança na sequência do confinamento decretado pelo Governo devido à pandemia do novo coronavírus, com o Nordeste Transmontano a ficar quase livre de casos ativos da doença (chegaram a ser dez na semana passada).
No entanto, esta semana trouxe um aumento exponencial do número de casos novos, associados ao crescente desconfinamento mas, também, à chegada à região de pessoas vindas de fora (de outros ponto do país e do estrangeiro).
Para já, os novos casos ainda não seriam muito preocupantes, por ser natural que o desconfinamento pudesse trazer novos casos de contágio.
Mas, neste momento, há dois problemas a ter em conta.
O surto identificado na escola de Palaçoulo, em Miranda do Douro, com mais de uma dezena de casos associados neste e noutros concelhos, aponta para um problema em potência com o regresso das crianças às escolas, numa altura em que os processos de vacinação (não só dos professores mas da população em geral) estão, ainda, muito atrasados. Portanto, Mais do que um caso isolado, o da escola de Palaçoulo pode ser o primeiro de vários que se seguirão.
Por outro lado, o facto de estarmos debaixo dos efeitos desta pandemia há mais de um ano tem provocado um sentimento de exaustão, física, mental e emocional grande.
Seja entre os empresários que veem as suas vidas empurradas para um beco sem saída, seja entre os profissionais de vária ordem que lidam diretamente com a linha da frente do combate à doença seja no recato do lar de cada um, em que entre confinamentos, desconfinamentos, limitações de afetos ou, simplesmente, a ideia sempre presente de uma ameaça invisível que nos tolhe e tolda, o cansaço acumulado é muito e a margem para acatar as recomendações do Governo e das autoridades de saúde é cada vez mais escassa (um sentimento exponenciado pelas dificuldades de comunicação, a começar pelo ziguezaguear sobre as máscaras).
Por isso, chegados a este ponto, em que as autoridades querem um desconfinar gradual e limitativo, as pessoas anseiam pelo fim total das restrições.
Cria-se, então, uma situação explosiva, a fazer lembrar uma evacuação apressada de uma grande sala, cheia de pessoas, por uma porta pequena (as regras impostas para o desconfinamento). Todos confluem para o mesmo local (não estamos a falar das esplanadas), gerando apertos, esmagamento e convulsões.
Ou seja, neste momento, por mais que seja o consaço, desconfinar ainda não quer dizer desarmar no combate à covid-19 nem baixar os braços nas medidas de proteção que devem ser tomadas individualmente. Porque ainda nem desconfinámos a direito e a ameaça de voltarmos a confinar é cada vez mais presente.

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