Nordeste Transmontano

O 25 de Abril foi recebido com cautela na região em 1974

Publicado por AGR em Qui, 2024-04-25 10:02

Uma bola preta no fundo da primeira coluna da terceira página, no local em que deveria estar o visto da censura. Foi desta forma que a edição de 26 de abril de 1974 do Mensageiro de Bragança indiciava que algo de diferente tinha acontecido. O processo de impressão do jornal demorava, na altura, cerca de dois dias. Portanto, aquela edição do Mensageiro estava pronta desde o dia 25, quinta-feira (na altura o jornal era publicado à sexta), quando ainda a informação era escassa na província.

Mas, na edição seguinte, no dia 03 de maio, a diferença já era notória, com uma mensagem de apoio ao Movimento das Forças Armadas e a notícia de que as Forças Armadas “querem salvar Portugal”, logo na primeira página.

A própria Conferência Episcopal se pronunciou, dizendo esperar que “tais acontecimentos contribuam para o bem da sociedade portuguesa, na justiça, na reconciliação e no respeito por todas as pessoas”.

Nessa edição de 03 de maio de 1974, noticiava-se que “Bragança saiu para a rua em duas manifestações”, sendo a primeira delas “promovida por um grupo de democratas”, realizou-se apenas no dia 27, dois dias depois do golpe militar, com início às 18 horas, na Praça da Sé. “Uma entusiástica manifestação popular de apoio, homenagem e, também, de agradecimento às Forcas Armadas portuguesas e à Junta de Salvação Nacional, na pessoa do seu presidente, general António de Spínola.

Milhares de pessoas reuniram-se naquela praça, sendo de salientar a presença de muitas centenas de jovens estudantes de ambos os sexos e muitos outros das classes trabalhadoras. Alguns empunhavam bandeiras nacionais e cartazes com as mais expressivas frases e aclamações d e apoio às Forças Armadas”. A segunda, organizada pelos sindicatos e classe trabalhadora, decorreu no 01 de maio e foi “uma das mais grandiosas e espontâneas manifestações populares de que há memória”.

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