Nordeste Transmontano

Cônsul honorária na Flórida veio abrir portas do mercado americano

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2021-09-23 10:32

Abrir os mercados americanos aos produtos de excelência do Nordeste Transmontano foi o objetivo de uma reunião entre empresários, instituições e a Cônsul Honorária de Portugal na Flórida, Carolina Rendeiro, nas passadas segunda e terça-feira.

O encontro foi promovido pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança.

Carolina Rendeiro sublinhou o interesse de apostar em mercados como o da Flórida, que tem 24 milhões de habitantes, com qase 70 mil portugueses.
"A nossa missão é ajudar os nossos produtos a saírem de cá e a estarem no mercado internacional. Como luso-americana, acho que os EUA são um mercado bom para o produto de qualidade que temos mas em que ainda não tivemos oportunidade de o lançar. Portugal tem boa imagem, de um país de gastronomia, de estudo, e temos de lançar bem o nosso produto", explicou.

Do seu ponto de vista, mais do que apostar em mercados massificados, em que a produção transmontana teria dificuldade em acompanhar as quantidades solicitadas até pelo baixo valor pago, o interesse reside em apostar nos mercados exclusivos e de luxo, como de hotéis e restaurantes, dispostos a pagar mais por produtos originais.

"Existem hotéis, restaurantes, lojas, que querem produtos exclusivos, que não existam aos milhares mas que seja um produto de qualidade, original e que há pessoas que compram pela exclusividade. Para eles tem mais valores do que comprar algo que existe em massa.

Por exemplo, gosto de comprar cá roupa porque a qualidade do tecido e o desenho, nos EUA não se comprava por 400 ou 500 dólares e aqui custa cento e tal euros. Vale a pena comprar aqui.

As pessoas depois perguntam onde comprei o vestido ou a camisa e eu tenho orgulho de dizer que comprei em Portugal.

Quando estamos perto do produto, não damos valor ao que temos. Só quando saímos para o exterior é que damos valor ao que tínhamos e depois temos saudades", precisou.

Uma das portas de entrada poderá ser pela presença numa feira anual dedicada ao turismo que se realiza em Miami.
A ideia agradou aos produtores presentes.

"É interessante. Poderá abrir portas à entrada do produto português nos EUA e facilitar a exportação e ter uma perceção de como podemos chegar a esse mercado", disse Luís Freitas, produtor de mel biológico.

Rafaela Neves, produtora de vinhos da Quinta do Salvante, considera que "é uma oportunidade muito boa".

"É uma maneira de conseguirmos escoar o produto. A covid não ajudou. Ainda temos muito produto em adega e isto é uma mais valia. A feira é uma hipótese a considerar. Estamos a trabalhar para os mercados específicos, como o dos hotéis, até poorque temos vinhos grandes reserva", revelou.
Já Cátia Afonso, da Olivadouro, vê "esta oportunidade como bastante positiva". Houve troca de contactos e agora vamos trabalhar esses contactos. Como Olivadouro estamos abertos a promover o nosso projeto lá fora. Havendo estas oportunidades das associações, vamos tentar estar presentes", frisou.

João Neves, da Portugal NTA, considera que esta iniciativa da ACISB lhe pareceu "muito oportuna". "O mercado norte-americano vai reabrir brevemente. Pensamos que a partir de novembro voltará a haver voos diários. A nossa empresa tem muito interesse neste mercado. É o nosso mercado mais importante para o turismo. Desenvolvemos um produto exclusivo, para territórios de baixa densidade, para grupos pequenos, em que os produtos endógenos são muito valorizados", disse.

Também do lado institucional a iniciativa se revelou profícua.

Artur Cascarejo, presidente da Associação de Desenvolvimento do Vale do Tua, acredita que esta "é uma porta extraordinária para toda a região de Trás-os-Montes e Alto Douro". "Temos produtos de qualidade, turismo de natureza. A maior notícia, para mim, é o podermos estabelecer uma ponte com alguém que tem sangue português e experiência prática de negócios nos EUA, que percebe a nossa cultura e a cultura americana e que faz uma interligação muito rápida e eficaz entre o que somos e o que podemos potenciar", disse.

Da parte da Comunidade Intermunicipal, Rui Caseiro realçou o facto de Miami ser uma zona franca, sem impostos, que pode abrir portas à região. "Temos produtos de qualidade e devemos procurar mercados que vão valorizar a qualidade dos nossos produtos. Que acrescentem valor ao preço e que seja compensador para aumentar a produção. Só assim conseguimos tirar rendimento para sustentar as nossas famílias", concretizou.

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