A opinião de ...

Seca severa no horizonte em Trás-os-Montes?

Em Portugal existe a perceção de que o anticiclone dos Açores é “amigo”, isto porque é uma das peças chave do nosso clima e tem um papel fundamental na proteção que exerce sobre o nosso país, impedindo que Portugal registe fenómenos de tempo adverso com maior frequência. O problema é que desde há cerca de 10 anos a esta parte tem mantido uma persistência anormal, já indicada em vários estudos acerca do impacto das alterações climáticas na Península Ibérica, o que acaba por ser muito prejudicial quer em termos ambientais quer económicos, uma vez que temos vindo a assistir a bloqueios intensos e muito duradouros, não apenas nos meses de verão mas também no inverno, quando o normal seria chover durante semanas ou meses seguidos.
Não temos registado precipitação assinalável, o que se reflete dramaticamente nos índices de humidade dos solos e em muitas barragens, em especial as produtoras de energia elétrica, que não veem repostos os níveis das albufeiras já que os rios e ribeiras que as alimentam estão praticamente secos. À crise hídrica temos de juntar a crise energética, anticiclone é sinónimo de estabilidade, não há movimento atmosférico, logo não há vento e isto também se tem refletido na produção de energia eólica, isto para não falar dos problemas agrícolas que se tal cenário se mantiver só agora vão começar, como o adiantamento da floração das culturas frutícolas e as potenciais perdas pelo não crescimento de forragens por falta de água, etc.
Analisando a generalidade os modelos meteorológicos, verificamos que a probabilidade de não cair uma gota sequer no nordeste transmontano até ao final de janeiro é real, para que entendam a dimensão do problema, a juntar aos meses anteriores que foram secos em toda a região, este mês em Bragança apenas caíram até ao momento 6.1 litros por m2, quando o normal seria caírem na totalidade do mês 95.8, a situação é ainda mais dramática por exemplo em Vila Real, com sensivelmente o mesmo registo mas deviam cair cerca de 144.1 litros por m2.
A seca é grave e é real, esperemos que fevereiro nos traga chuva significativa que permita mitigar um pouco esta situação, contudo de momento, não existe essa indicação nas previsões mensais e estacionais, conte apenas com noites e manhãs frescas, com geadas e nevoeiros nos vales e terras baixas.
Dada a incerteza das previsões a prazo, aconselhamos o acompanhamento das atualizações de todas as informações na página de Facebook e Twitter do Meteo Trás-os-Montes.

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