Notas sobre uma quinzena de contrastes
Na quinzena de 16 a 30 de Junho de 2025, não foi apenas o jogo de futebol de onze, categoria sénior, do Mundial FIFA de clubes, Benfica-Chelsea, a decorrer nos EUA, que foi interrompido por relâmpagos e ameaças de tempestade. Aconteceram outras tempestades como: a «guerra dos doze dias», a que gosto de chamar «das ameixas», entre Israel e o Irão; os bombardeamentos a três instalações nucleares do Irão pela aviação dos EUA; e a escalada dos preços do petróleo face a estas tempestades de fogo, de fúria e dos deuses que, furiosos, exigem sacrifícios humanos e civilizacionais para acalmar a sua ira.
No dia 29, em sentido contrário ao das tempestades, aconteceu a bonança com Isabel Ferreira a apresentar o seu programa de candidatura à Câmara e Assembleia Municipal de Bragança prometendo dar nova vida ao município, dinamizar a economia, melhorar os serviços e renovar a esperança aos bragançanos num futuro melhor.
Em relação às tempestades não-climáticas, no final, se é que terminaram, mantiveram o status quo mundial como estava antes. Não foi beliscado o equilíbrio militar entre Rússia e NATO, podendo-se mesmo dizer que a Rússia é a grande vencedora porque não perdeu o aliado Irão, ninguém tocou nas suas pretensões ao domínio da Ucrânia e a União Europeia declarou-se incapaz de atalhar o caminho ao imperialismo russo. E, em nome de um pacifismo ridículo, os EUA de Donald Trump retiraram-se das tempestades proclamando a destruição da indústria nuclear do Irão, apresentando os líderes deste país a sua qualidade de vencedores porque últimos a atacar, sem castigo. Donald Trump bem pode proclamar vitória mas, no fim, dá ares de abandono do campo de batalha deixando o Irão a meses de retomar o seu programa nuclear. Exigências da Rússia? Tudo indica que sim e que, afinal, o «Tratado de Tordesilhas» de Yalta, de 1945, ainda constitui a ordem mundial do presente, desafiada pelo poderio económico-militar da China à espera de poder mandar.
Quase nem vale a pena referir o absurdo das guerras Israel-Irão, Israel-Hamas e Israel-Hesbollah, para além da de Gaza, contra os palestinianos. São guerras em nome de Deus, feitas por homens com ódio e vontade de poder que demonstraram já não ser Israel capaz de ganhar. Para mal dos israelitas, estas guerras demonstraram a insuficiência do poder militar das IDF e da Iron Dome ou cúpula de ferro. O projecto de destruição de Israel pelo Irão parece cada vez mais realizável porque, no meio do ódio, quem não mata, morre.
Desde 1946, israelitas e palestinianos não se perdoam mutuamente: os israelitas aos palestinianos por se terem aliado aos árabes para destruírem Israel; os palestinianos aos israelitas por estes quererem o território palestiniano. De então para cá, Israel invoca o direito de defesa para conquistar mais território e os palestinianos e árabes invocam a injustiça do Ocidente em não apoiar a criação de um Estado Palestiniano. Ambos têm razão e ambos são vilões porque tanto os aliados de uns como os de outros só querem a via da destruição para resolver o problema. Peçamos ao Rei Salomão para salomonicamente o resolver.