Feira das Cantarinhas molhada mas a reboque do apagão

A chuva que se abateu sobre Portugal na semana passada afetou o negócio na Feira das Cantarinhas de Bragança, a mais antiga da região, mas houve setores que ainda beneficiaram com o apagão do passado dia 28. "Por acaso, este ano vendi bastantes rádios a pilhas, não percebi porquê", confessava ao Mensageiro um feirante marroquino, que preferiu não dizer o nome nem ser fotografado.
A chuva que caiu ao longo dos três dias do evento (sexta, sábado e domingo) prejudicou o negócio na feira. "Muito fraca. A chuva não ajuda. Ontem andava muita gente mas, começando a chover, as pessoas desaparecem", dizia Maria Teresa Loureiro que vem de Matosinhos. O último dia ficou marcado pela presença da caravana da AD, em campanha para as Legislativas, mas nem isso animou os feirantes.
"Acho que não traz clientes", lamentava. Pelo mesmo diapasão afinava Filipa Silva, que veio de Lamego. "Não traz clientes", dizia. Sobre a feira, lamentou a chuva. "Havia muita gente mas não conseguiam andar por causa da chuva. Mal começava a chover, o pessoal desaparecia logo. Normalmente apanhamos um dia a chover mas este ano foram os três. No próximo ano volto, já venho cá desde criança. Vendo loiças de barro", explicou.
Também a feira do artesanato, que decorreu em simultâneo, sofreu com o mesmo problema, apesar de ter tido mais abertas, pois começou dois dias mais cedo. " As pessoas não estão com muita vontade. Não sei se têm pouco dinheiro mas as vendas não estão famosas", dizia Rui Alves, que veio de Coimbra. Do mesmo se queixou Delfina Salvador, de Vila do Conde. "Até anda muita gente mas não compram, não se vê nada nas mãos. Para mim, é a crise. Nos outros sítios também se sente mas aqui mais", frisou.
Maria João Rodrigues, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), que organiza o certame, lamentou as condições meteorológicas. " Podemos mandar em tudo, menos no tempo. Veio menos gente à cidade mas os restaurantes estavam cheios. No domingo encheram duas vezes à hora de almoço. Obviamente que o tempo condicionou. Não permitiu fazer feira dentro da normalidade. Mas houve muita gente na cidade. Restauração e hotelaria estiveram cheios. Terá havido quebras [nas vendas], mas não muito acentuadas", apontou.
Já Paulo Xavier, presidente da Câmara de Bragança, sublinhou a presença de visitantes na cidade. " Se dissermos que foi excelente, não é verdade. Mas dentro do que foi a condicionante do mau tempo, surpreendeu-me pela positiva. Havia muita gente na cidade, muitos visitantes espanhóis, franceses", notou.