Conselho de Ministros aprovou estrutura de missão para a defesa da língua mirandesa

O Governo aprovou em Conselho de Ministros uma resolução que cria a estrutura de missão para a promoção e valorização da língua mirandesa reconhecendo o seu papel na valorização do território nordestino.
“Foi aprovada uma Resolução do Conselho de Ministros que cria a estrutura de missão para a promoção e valorização da Língua Mirandesa, reconhecendo o papel essencial desta medida para o desenvolvimento económico, social e cultural das Terras de Miranda”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros de segunda-feira.
Segundo o Governo, é assim reforçado “o compromisso com a preservação deste património linguístico nacional, assegurando o futuro do Mirandês e criando condições concretas para a dinamização da região”.
Para o presidente da Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), Alfredo Cameirão, a criação desta estrutura de missão é determinante para o futuro de uma língua que se encontra ameaçada.
“Há muito que defendemos que a implementação no terreno desta estrutura de missão é a prioridade para a defesa da segunda língua oficial em Portugal”, vincou o responsável pela ALCM e estudioso do mirandês.
Para Alfredo Cameirão, este é mais um passo numa “luta que já é longa e fundamental para o resguardo e superveniência do mirandês, como uma língua viva e património de Portugal”.
Ainda assim, a ALCM reitera a necessidade da ratificação por parte do Governo português da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias.
Já a presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, defendeu que há uma certa ansiedade para pôr no terreno esta estrutura de missão, já que houve um trabalho conjunto do município, da ALCM e do Agrupamento de Escolas local para que tal acontecesse.
“Na última reunião do grupo de trabalho com o representante do Ministério da Cultura foi decidido que a estrutura de missão iria funcionar em Miranda do Douro”, afirmou Helena Barril.
Segundo a autarca social-democrata, a estrutura de missão de defesa da língua mirandesa vai funcionar na antiga Casa dos Magistrados, um imóvel situado em Miranda do Douro e que já sofreu obras de requalificação para acolher este organismo até final de 2029.
Helena Barril acrescentou ainda que o próximo passo passa pela escolha do corpo técnico, do comissário e do subcomissário desta estrutura de missão.
“Agora aguardamos pela publicação do diploma em Diário da República que confere direitos à estrutura de missão para a salvaguarda do mirandês para começar a trabalhar”, vincou a autarca.
Há 26 anos que o mirandês foi reconhecido oficialmente, através da lei 7/99 que fazia da língua a segunda oficial no país, aprovada a 17 de setembro de 1998 e que entrou em vigor com a publicação em Diário da República a 29 de janeiro de 1999.