Leituras e leitores
1.º Da interessante obra Leituras & leitores: trajetos e trajetórias (Luciana Leal e Cláudio Silva, Orgs., Vol. 2. – Cachoeirinha: Editora FI, 2025), que me foi encaminhada pela Academia de Letras de Trás-os-Montes, transcrevo o seguinte parágrafo: «…A escola é lembrada por vários autores como um espaço de iniciação à leitura e, nela, as bibliotecas parecem desempenhar um papel mais relevante do que as salas de aula. A figura de um docente aparece, aqui e ali, como introdutor ao mundo da leitura. O mesmo se dá posteriormente, quando o caminho mostrado por um professor serve de estímulo a futuros professores…». Urge refletir um pouco sobre este mundo fantástico que é a leitura e quão benéfica é a palavra escrita, se revelada com isenção, respeito e agradabilidade.
2.º Os processos de leitura começam cedo. Em casa e na escola. Tive oportunidade de assistir à entrega dos prémios aos alunos do Agrupamento de Escolas Dr. Ramiro Salgado, Torre de Moncorvo, em Setembro de 2024 – acontecimento que se realiza anualmente, e cuja iniciativa se deve ao saudoso Prof. Alberto Areosa, dignamente prosseguida pela atual Direção. Para além dos prémios pecuniários, agradou-me especialmente a entrega de diplomas a jovens pela entrega à leitura ao longo do ano. Verifiquei que meninas e rapazes ficaram felizes pela recompensa após mais um ano de interesse pelos livros.
3.º Sei que muitas direções de escolas e agrupamentos de escolas não concordam com os critérios que estabelecem o ranking do seu desempenho, porque se baseiam primacialmente nos resultados. É algo que não atende às situações económicas e sociais envolventes, como sustentou, em 16/01/23, o então ministro de educação, João Costa, sobre a Escola Secundária da Baixa da Banheira, onde 70% dos alunos têm o apoio da Ação Social Escolar: muitos são migrantes, sem condições em casa e, frequentemente, chegam à escola com fome.
4.º O Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo ficou no lugar 45.º do ranking nacional e em 1.º lugar no distrito de Bragança. É razoável admitir a importância do papel da Direção e de alguns professores e funcionários no processo de leitura que contribuiu para a melhoria da educação e da literacia. Como moncorvense, fiquei feliz, pois sei que houve sensibilização para o trabalho educativo, que contempla a motivação para a leitura, pois ler é sensibilizar, é fazer avançar as aprendizagens para patamares de maior exigência individual e social. Fiquei sensibilizado pela alegria dos pais quando viram os seus filhos receber tais prémios. Na verdade, há uma razão para este sucesso: os pais podem não ter o hábito de leitura, mas ficam orgulhosos pelo êxito dos filhos que leem…e é vê-los, encantados, a olhar para os seus meninos e meninas.
5.º A leitura é um constante despertar, uma descoberta, e enriquece o vocabulário, estimula o raciocínio e a capacidade de interpretação e de dúvida, além de combater a preguiça mental causada pelo acesso fácil, frequentemente pernicioso, aos écrans de telemóveis e outros “brinquedos” tão à mão. Através da leitura, os jovens constroem a sua Liberdade.