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Terceira edição dos Encontros Improváveis debateu a Fé na igreja matriz de Alfândega

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2023-07-20 09:54

A Igreja Matriz de Alfândega da Fé acolheu na terça-feira a terceira edição dos Encontros Improváveis: Conversas da Fé - “O (Des) lugar da Fé na Hodiernienidade” [modernidade] e que juntou académicos ao bispo diocesano, a clérigos e leigos, entre outros.

Esta iniciativa aconteceu numa altura tida como “especial”, com duas inusitadas coincidências históricas: em primeiro lugar a memória litúrgica de São Bartolomeu dos Mártires, arcebispo que visitou por diversas vezes as terras nordestinas e a celebração dos 700 anos de São Tomás de Aquino, teólogo da Santa Igreja que foi canonizado pelo Papa João XXII.
Para o bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, estes encontros “refletem sobre a vivência da fé em lugares que não seriam propícios, mas que são sempre um desafio para falar dos “(des)delugares” da fé e da experiência da fé nos tempos que correm”.

“A minha intervenção teve como base uma pergunta: para que serve a fé no século XXI? Com toda a evolução histórica, a evolução tecnológica e científica”, explicou o prelado.

De uma forma simples D. Nuno Almeida disse que “a fé ilumina o olhar” e, a partir desta reflexão, é oferecido um testemunho para as pessoas que participam na vida em sociedade.

“A fé oferece um sentido para a vida e nos tempos que correm, esta oferta de sentido, de sabor e direção à vida não é de maneira nenhuma secundária, mas sim essencial. Porque a perplexidade em que vivemos, hoje, o ritmo em que as pessoas vivem é propício a perder-se o chão e entregarmo-nos a uma vida dispersa. Desta forma, a fé unifica-nos interiormente, oferecendo a possibilidade de encontramos sabor, sentido e o rumo para a vida”, descreveu o bispo da diocese de Bragança Miranda.
Já o Pe. Manuel Ribeiro, pároco de Alfândega da Fé e reitor do Santuário dos Cerejais, organizador do evento, explicou que esta edição dos Encontros Improváveis incidiu sobre a fé numa cultura moderna, atual e da vida comum.

“Inquietar a comunidade”

“Estes encontros serviram para inquietar e ‘perturbar’ a comunidade para fazer uma reflexão sobre a persistência da fé na vida de cada um de nós. As pessoas que aceitaram participar na iniciativa são muito diferentes entre elas porque tivemos pessoas que estão em processo de reconhecimento e reencontro com a fé, outros são católicos assumidos, há pessoas com vivência hospitalar na área dos cuidados paliativos e no Instituto Português de Oncologia (IPO), que lidam com pessoas com doenças terminais e explicaram que a fé não somente trazer consolo, mas traz consigo um sentido e um significado”, concretizou o pároco.
Um dos convidados foi o jornalista Vítor Serpa, ex-diretor do jornal ‘A Bola’, que assumiu “que é verdade que há desafios e este é claramente perigoso”.

Ex-diretor do jornal A Bola defende que “Fé não tem um lugar físico”

 “Veja bem, eu, um agnóstico devoto, como costuma dizer o meu amigo filósofo Manuel Sérgio do alto dos seu 90 anos de idade feitos de saberes dos tempos, dos outros e de hoje, atrevo-me a pronunciar-me sobre os (des)lugares da fé no mundo contemporâneo”, explicou.

Este jornalista, com uma vasta experiência na cobertura de competições internacionais, vincou que não se sente um católico, que até poderia ser, mas não se vê assim neste momento.

“A fé não tem um lugar fixo. A fé é um pouco como a entidade divina que está um pouco por toda a parte. E este desafio que me suscitou alguma inquietação e alguma reflexão e por estes motivos fiquei entusiasmado por participar nestes encontrou”, enfatizou Vítor Serpa.

O encontro foi moderado pela advogada Fátima Pimparel, da diocese de Bragança-Miranda, e contou ainda com as intervenções de João César das Neves (docente da Universidade Católica Portuguesa), João Duque (docente da UCP), José Nuno Silva (sacerdote) e Mário Pinto (político e docente da Universidade Católica Portuguesa).

 

 

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