Dia do Município com direito a homenagens, exposição e inauguração

Foi inaugurada esta terça-feira, em Vinhais, a exposição “Máscaras Rituais de Portugal”, uma mostra única que reúne 105 máscaras representativas de 43 festas tradicionais de inverno e entrudos de norte a sul do país. A exposição é da autoria de Roberto Afonso, investigador e colecionador que desde 2017 percorre museus e centros culturais com esta coleção itinerante.
“Esta coleção começou em Bragança, na Bienal da Máscara de 2017, e desde então não parou. Já passou por imensos espaços em Portugal e no norte de Espanha”, explicou o autor, destacando que esta nova passagem por Vinhais traz novidades significativas. “Já tinha estado aqui há cinco anos, mas agora inclui novas festas, como o Entrudo de Mira, os Farrangalheiros do Entrudo de Melgaço e o Entrudo do Folheteiro de Montalegre”, explicou ao Mensageiro.
Uma das particularidades desta exposição é a conjugação de máscaras com peças de figurado, criando uma ligação entre os rituais festivos e a arte popular. As máscaras são da autoria de 63 artesãos e artistas plásticos, sendo apresentadas com trajes exclusivamente do concelho de Vinhais.
A mostra está organizada cronologicamente, começando pela festa da Cabra do Canhoto e terminando com a única festa de verão com máscaras em Portugal: os Diabos de Sobrado, celebrados a 24 de junho, em Valongo (Porto).
Roberto Afonso, natural do concelho vinhaense, contou como o seu interesse pelas máscaras começou ainda em criança: “Desde os cinco ou seis anos vestia o fato de diabo de Vinhais. Era o meu fascínio pelas festas de inverno que me levou, já adulto, a estudar e a recolher estas expressões culturais”, contou.
O autor destacou também o papel essencial dos artesãos na preservação destas tradições. “Hoje, muitos são profissionais, mas no passado eram os próprios rapazes da aldeia que faziam as suas máscaras, que depois destruíam para o ano seguinte. O artesanato surgiu por necessidade e, felizmente, tornou-se também uma oportunidade de negócio que ajuda a manter viva a festa.”
A diversidade de materiais utilizados é outro dos pontos fortes da mostra: há máscaras feitas de madeira, cortiça, lata, couro, palha, tecido, rendas e até grãos de milho. “Usam-se materiais da terra. Antigamente eram latas velhas ou chapéus usados. Hoje há um cuidado maior, mas mantém-se a autenticidade”, afirmou.
Além das máscaras, a exposição inclui sete trajes de mascarados do concelho de Vinhais, feitos por artesãs locais como Gilberta Morais, Belinha Morais e Sandrinha Fernandes.
Com máscaras cujo valor pode variar entre 30 e os 600 euros, a exposição representa também um investimento significativo, refletindo a riqueza e o trabalho envolvido em cada peça.
Já antes, durante a manhã, o Município homenageara o próprio Roberto Afonso, como personalidade do concelho, os bombeiros, pelo papel que desempenham na defesa das populações, e a educação. “É um dia em que aproveitamos para também fazer algumas homenagens, algum reconhecimento, quer a entidades, quer mesmo pessoas a nível individual, que merecem pelo trabalho que fazem para o concelho”, explicou o presidente da Câmara, Luís Fernandes.
Seguiu-se a inauguração do novo Espaço de Cidadania, instalado no edifício do antigo ciclo, no largo do Arrabalde, e onde já funcionam os serviços de ação social do Município e o BUPi. A obra custou cerca de 400 mil euros e foi comparticipada por fundos europeus.
“Foi feita a candidatura no âmbito do quadro do anterior quadro comunitário”, frisou Luís Fernandes.