Ernesto Carolino Gomes

De mera convicção à força da certeza

A «convicção ... permite pôr, com a consciência tranquila, o tom da força ao serviço da incerteza» (Paul Valery). Em boa verdade, serenidade de consciência não pode ser marca de quem (ab)use da mera convicção para camuflar ou branquear a incerteza. A convicção é subjectiva e anárquica, esponjosa e maleável, justificação de pretensões, falácia, império de sentidos, ela e a circunstância. É objectiva a certeza, granítica e imoldável, não serve nem hipoteca interesses.


Regresso a Abambres

Aqui e agora, nestas páginas, revisito Abambres, a aldeia onde nasci e que guardo no coração como uma mãe é guardada no coração de um filho, ou um avô no de um neto. Vezes amiudadas a ela me desloco, na ânsia sempre conseguida de reviver um passado longínquo, traduzido por uma infância feliz, a infância que deveriam merecer todas as crianças do mundo. Faço-o com o coração carregado de nostalgia e saudade.


Mensageiro de Bragança - uma vida...

O presente escrito objectiva, de sorte tão singela quanto sincera, felicitar o nosso Mensageiro pelos seus 75 anos de vida. Vida longa, o que traduz todo o empenho disponibilizado e o carinho nutrido por todos aqueles que o têm servido nas mais diversas vertentes. Porém, vida que perdurará pelos tempos vindouros, atento o sangue novo escorrido nas suas páginas e aquele outro que, nas retaguardas, vai desenvolvendo os trabalhos de arquitectura imprescindíveis à construção de cada edifício semanal.


Um ponto de vista...

Pertenço ao lote daqueles que se orgulham de haverem subido a pulso a corda da vida, sem privilégios. Ainda assim, e defensor do figurino da meritocracia, nunca privei com esta; ao invés, nos momentos em que me coube montar cavalos nas etapas diversas do meu percurso, vi-me no dorso de azémulas sem préstimo. Detentor de escolaridade relativamente longa e de qualificações que me aprazem e satisfazem, levanto o olhar e deparo-me com tantos a quem forças várias guindaram a lugares mais cómodos e dourados do que merecidos.


Os vícios da Justiça

Fui acompanhando de perto as notícias envolvendo o caso, desde o rapto da criança, da responsabilidade do pai, em território nacional, à decisão da justiça, em solo francês, para onde aquela fora deslocada. Em resumidos traços, fiquei a entender que o decisório judicial francês, tendo em conta a ausência de consenso dos progenitores relativamente à guarda da criança, entretanto institucionalizada, fez prevalecer a justiça portuguesa, entregando a mesma aos cuidados da mãe, ainda que provisoriamente e segundo o meu (a)percebido.


A denúncia anónima

A par do boato, a denúncia anónima equivale a acto pérfido de baixeza: um e outra correspondem ao arremessar da pedra escondendo a mão atrás do biombo da cobardia. Também o princípio criado da aceitação da segunda me parece gesto descabido e inaceitável, impróprio por insensato e pouco decente, cobertura daquela mesma cobardia. O denunciante identificado age de boa-fé: dá a cara, assumindo a responsabilidade da denúncia; o anónimo age sem rosto.


Avós sobrecarregados?!...

Súmula expositiva de estudo frescamente levado a cabo mereceu à respectiva autora a titulação de que a «ausência de políticas de apoio à família sobrecarrega avós». Ora, não me alinho com tal asserção, na justa medida, e por experiência o afirmo, em que, na ausência de tais políticas ou na sua constância, jamais os netos podem sobrecarregar os avós. Porque o amor trabalhado na relação entre uns e outros tudo sobreleva e ultrapassa. Ao invés, instalam-se e reforçam-se mútuo crescimento e prazer, mais sentidos que descritos.


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