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CREIO EM DEUS PAI: O DIVINO AGRICULTOR

Em pleno Ano de Fé, continuar a descobrir o Pai deve ser o maior encanto da nossa vida, da nossa oração, da nossa existência cristã. Centrar-nos no Pai é o mais importante da vida cristã.

 

1º Outra maravilhosa maneira de Jesus nos revelar o Pai é falar d’Ele como o Divino Agricultor (cf. Jo 15, 1-8). Jesus é a Videira, nós somos os ramos. O Pai, como Agricultor Divino, cuida da Videira, trata dela, poda-a, quer que a Videira dê fruto e fruto em abundância. A solicitude do pai pela Videira é um verdadeiro encanto. Já no Antigo Testamento, o Senhor, Deus Iavé tinha a sua vinha e cuidava dela. A vinha era a Casa de Israel, o seu Povo eleito, numa linguagem simbólica mas recheada de conteúdo, de ensinamento, de ternura do Agricultor pela sua vinha. Agora, na parábola que Jesus nos conta, a imagem torna-se realidade, porque Jesus, a sua Pessoa, é que é a Videira verdadeira. Nós, inseridos em Jesus, somos ramos, pertencemos à Videira, somos parte integrante dela, e, quanto mais unidos à Videira, mais fruto daremos.

2º O Pai como Agricultor, dedicado, atento, carinhoso, cuida da Videira toda, portanto também dos ramos. Para que os ramos possam dar mais fruto, poda-os. E as podas, embora feitas por amor e com o desejo que dêmos fruto, são sempre duras, difíceis. Ser podado custa, às vezes custa muito. Mas é o amor do Pai que realiza as podas, ou as provas e provações, para que dêmos fruto em abundância. Uma contrariedade, uma humilhação, uma doença, um fracasso, a morte dum familiar, a noite escura, a aridez e secura, as crises de fé, as provações interiores, a vivência da solidão ou de momentos de mais angústia, são modos de sermos provados, podados. Nem sempre percebemos que está aí o amor do Pai e o seu sonho divino de que dêmos mais fruto e fruto em abundância. Cachos suculentos, símbolo maravilhoso duma vida de santidade, de obras de justiça e de caridade, duma vida mais evangélica. As podas são para isso. Benditas podas. Bendito seja o Pai que as faz e as permite. São um tesouro para a nossa vida. Saibamos vivê-las e aceitá-las com amor, pois é com amor que o Pai as faz.

3º Aos ramos secos o Pai corta-os e deita-os ao fogo. Que mistério!!! Que fogo é esse? Que modo tão trágico de acabar uma vida. Mas se os ramos não têm seiva divina, não estão na graça, não partilham a vida da Videira que é Cristo, não podem ter outro fim. Quanto deve doer ao Coração do Agricultor ter que desempenhar esta missão, pois Ele, no seu amor infinito, ama todos, quer a salvação de todos, não quer ramos secos. Para isso mesmo é que enviou o Filho ao mundo. Para isso é que nos fez ramos da Videira. Precisamos de colaborar com o amor do Pai, para que não haja ramos secos, sem seiva divina, sem graça, sem amor. É a nossa missão no meio do mundo. E que missão tão bela, tão gratificante, tão apostólica…

4º Quem está unido à Videira, quem permanece nela, está no amor do Pai, do Divino Agricultor. Cultivar esta permanência, alimentá-la pela oração e pelos sacramentos, ir tecendo-a com obras de caridade fraterna, é uma missão importante. Quanto mais o fizermos, mais daremos fruto, mais intimidade com Jesus, mais comunhão com o Pai. A nossa vida cristã é para isso: por Jesus, unidos ao Pai, darmos fruto em abundância. Sermos no mundo portadores da santidade de Deus, para que a nossa vida frutifique, para sermos instrumentos do Reino, para sermos canais de graça e de vida divina, para que não haja ramos secos, para que os cachos sejam suculentos e a colheita abundante. Em Cristo, com Cristo, por Cristo, a Videira verdadeira, estaremos no Pai, e daremos fruto em abundância.

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