A opinião de ...

Escritores de Pedestal: Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, considerado o expoente máximo da poesia lusófona do século XX, é conhecido como poeta dos heterónimos – personagens por ele criadas, cada uma com caraterísticas próprias, sendo as mais conhecidas: Alberto Caeiro, camponês, poeta e filósofo, que não foi além da instrução primária, autor de “O Guardador de Rebanhos”; Álvaro de Campos, engenheiro, autor de “Opiário”, da “Ode Triunfal”, da “Ode Marítima” e do poema “Tabacaria”; Ricardo Reis, “Pagão por carácter”, médico, latinista e clássico, “[… ] é um homem de ressentimento e cálculo, um homem que se faz como faz laboriosamente o estilo”, autor de “Odes”; e o semi-heterónimo Bernardo Soares, «Ajudante de guarda-livros […], autor das prosas poéticas e reflexivas do “Livro do Desassossego”», ao qual pertence a muito conhecida expressão: “A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.
Em virtude da criação dos heterónimos, ele próprio foi considerado como ortónimo, o que me levou a escrever:
PESSOA FOI RICARDO, FOI ALBERTO,
FOI ÁLVARO E BERNARDO – TÃO DIFERENTES!
POR MUITO QUE OS SAIBAMOS EXCELENTES,
TEREMOS DE OS ESTUDAR BEM MAIS DE PERTO.

NA BRASILEIRA, VÊMO-LO DISCRETO
A IMAGINAR OS VERSOS MAIS INGENTES:
ORA CANTANTES, ORA DEPRIMENTES,
LOGO CATIVOS DE HORIZONTE ABERTO.

FUMANDO, ATENTAMENTE LÊ A “ORPHEU”.
NO AROMA DO CAFÉ QUE JÁ BEBEU,
DESENHA, AGORA, UM MAPA SIDERAL.

PENSA TAMBÉM NA OFÉLIA, SUA AMADA…
E, EM TANTA POESIA IMAGINADA,
COMPÕE UMA EPOPEIA UNIVERSAL!

“Mensagem” é o único livro em Língua Portuguesa publicado em vida do autor. Trata-se de uma coletânea de poemas sobre personagens importantes da história de Portugal, em que se adivinha um certo sebastianismo e se dignificam os Descobrimentos. Nela se incluem as muito conhecidas poesias “Mar Português” e “O Mostrengo”.
Fernando Pessoa foi monárquico, antissalazarista e antifascista, tendo colaborado nas revistas: Águia, Orpheu, Atena e Presença. Pelo seu valor literário, projetou Portugal no mundo.
Paralelamente à poesia que se considera intelectualmente mais hermética, Fernando Pessoa não deixou de nos oferecer poemas de leitura fácil e agradável, nos quais se podem entrever mensagens que revelam ansiedade, religiosidade, saudade, sensibilidade e amor pátrio, como: “O MENINO DA SUA MÃE”; “NATAL…NA PROVÍNCIA NEVA”; “CAI CHUVA DO CÉU CINZENTO”; Ó SINO DA MINHA ALDEIA”; “AUTOPSICOGRAFIA” (O POETA É UM FINGIDOR);”ELA CANTA, POBRE CEIFEIRA”; “AVE-MARIA”; “QUADRAS”…

Falar de Fernando Pessoa e da sua obra não é nada fácil. Todo o cuidado é pouco, todo o tempo é pouco e é grande a ambição.
Depois de ter revisto quanto me foi dado conhecer sobre Fernando Pessoa durante o meu percurso académico, achei por bem a necessidade de recorrer a uma bibliografia que minimamente me orientasse nesta pequena apresentação.
Aqui chegado, resta-me trazer à lembrança parte da vida e da formação do autor em questão.
Nascido no dia 13 de junho de 1888 (o dia de Santo António sobre quem escreveu um poema, precisamente intitulado “Santo António”), viria a morrer aos 47 anos, no Hospital de S. Luís dos Franceses, no dia 30 de novembro de 1935.
Tendo permanecido, como adolescente e jovem, com a família durante alguns períodos na África do Sul, aí interiorizou a cultura desse país, e aí escreveu e publicou, em inglês, as suas primeiras obras. Já em Portugal, frequentou o Curso Superior de Letras que não chegou a completar e, a par da produção escrita, foi tradutor e correspondente estrangeiro em escritórios comerciais.

Fontes: “Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa” de Jacinto do Prado Coelho; “Mensagem” de Fernando Pessoa; “Fernando Pessoa - Poesia do ortónimo e heterónimos”, elaborado por professores, 12.º ano” e “Internet”.

Edição
4055

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