A opinião de ...

Em Bragança, a esperança; no país, a desilusão

Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe, diz o adágio popular. A Diocese de Bragança-Miranda esteve quase ano e meio sem coordenador dos pastores de almas humanas, vulgo Bispo. Finalmente, D. Nuno Almeida, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga, até há poucos dias, foi anunciado como novo Bispo dos Brigantino-Mirandenses. O meu obrigado a D. Nuno Almeida por ter aceitado este novo desafio. Tem todas as condições para desempenhar um excelente cargo: experiência, saber, liderança, fé e coragem. Pela frente tem uma diocese quase sem padres ou com muito poucos, mas com muitos cristãos e cristãs católicos. Todos juntos, farão um bom trabalho, numa dinâmica participativa. Por isso, em Bragança, a esperança. É o momento de agradecer e enaltecer o trabalho feito pelo Administrador Diocesano, Monsenhor Adelino Paes que tão bem liderou a Diocese. Obrigado, Obrigado.
Já no país, parece-me reinar a desilusão. Com o Governo porque é fraco, demasiado jovem, pouco mobilizador do país e, sobretudo, carente de liderança de projetos mobilizadores e pouco informador das agendas de modernização, se é que as há. Com as oposições porque parece só quererem achincalhar o Governo e derrubá-lo, não querendo saber do essencial, só cuidando do folclore.
Vejamos o caso da TAP. É inadmissível o comportamento de João Galamba e de Fernando Medina, dos seus adjuntos e dos seus assessores. Tudo parece girar em torno de mentiras combinadas e tudo parece uma estratégia de dividir para reinar, semeando o caos para salvar a pele e para não privatizar a empresa. O essencial parece-me ser isto: dizer que se prepara a privatização e tudo fazer para a privatização ser inviável. Além disso, o folclore da CPI (Comissão Parlamentar Independente) permite evitar que se fale nos 3.200 milhões de euros que os contribuintes pagaram para a estruturação da TAP com vista à privatização. Permite ainda esconder a leviana decisão de demitir a gestão da TAP e de manter no limbo a indemnização a Alexandra Reis.
As oposições e o Governo (este porque o tempo corre a seu favor) não vêem (ou não querem ver) nada disto, o essencial, a discussão do estado da empresa TAP e do seu futuro.
Em Portugal, a política é folclore, é aviltamento, é achincalhamento. Discutir o futuro será para cidadãos mas não para os políticos portugueses. Os portugueses pagam quase tudo em impostos, o que quer dizer dinheiro do qual os governos fazem o que querem. Já as taxas e tarifas podem ser controladas porque estão alocadas ao pagamento de serviços específicos.
A cidadania ainda não abraçou Portugal. De outro modo, os cidadãos exigiriam muito mais. Os políticos sabem bem que povo têm e querem mantê-lo ignorante e submisso, mantendo a vulgata de Oliveira Salazar. O projecto do 25 de Abril falhou, em muitas áreas, sobretudo na educação e na cidadania. Às portas dos 50 anos de Abril, não podemos calar a desilusão.
É pena. Podíamos ser tão felizes.

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