Fogos e caminhos rurais
A cada ano que passa assistimos ao flagelo dos fogos, assim como a múltiplas análises relativas à sua resolução, consequências e prevenção.
Não sendo especialista em fogos, mas como cidadão comum tenho assistido ao sofrimento e angústia dos bombeiros, das pessoas mais diretamente afetadas e, de um modo geral, de toda a sociedade quando estes ocorrem.
Na resolução dos fogos para além de elogios aos bombeiros, pelo seu empenho e dedicação, também se verificam algumas críticas sobre as suas opções, nomeadamente, por se situarem à beira das localidades e, por vezes, o fogo percorrer superfícies enormes sem a sua intervenção. Esta posição dos bombeiros de darem prioridade à vida, tentando proteger ao máximo as pessoas e as suas habitações é uma atitude louvável, com a qual concordo completamente, e que merece o maior apoio e reconhecimento.
Observando a situação das superfícies queimadas é difícil encontrar caminhos rurais onde os bombeiros possam arriscar ano passar sem que estes tenham uma grande probabilidade de correrem perigo de vida.
Assistimos a caminhos rurais estreitos, inseguros e onde inverter a marcha ou passar um carro por outro é muito difícil ou impossível. Os acessos rodoviários aos centros urbanos foram fatores determinantes para o seu desenvolvimento, assim, talvez o acesso e a melhoria dos caminhos rurais pudessem ajudar a facilitar a proteção das nossas florestas e dos diversos recursos naturais. Neste sentido, seria ótimo que tivéssemos caminhos rurais, devidamente sinalizados para os bombeiros, onde fosse seguro os seus carros entrarem e poderem percorrê-los com segurança.
A limpeza dos terrenos é uma medida desejável e útil que só pode ser apoiada e continuada, mas em anos em que a vegetação cresce demasiado, depois dessa limpeza, pouco há a fazer, em caso de incêndio, se quem combate os fogos não tiver acesso a esses terrenos. Não se pode esperar mais tempo para começar a prevenção dos fogos deste ano e dos seguintes.
É necessário e desejável utilizar o conhecimento dos proprietários, dos bombeiros e das autarquias para criar vias rurais seguras e transitáveis, claramente identificadas que facilitem a ação dos bombeiros, de modo a isolar determinadas zonas e a evitar grandes zonas contíguas, nas quais é praticamente impossível dominar um incêndio enquanto não arder toda a zona. Começar a prevenção com a melhoria dos caminhos rurais existentes e a criação de novos caminhos, se necessários, parece-me uma excelente medida.
