A opinião de ...

Belém

O desditado quão célebre escritor cubano Cabrera Infante, na sua fascinante obra O Livro das Cidades ensina-nos a ver, ouvir, perscrutar, cheirar, provar, tactear, cidades, outras terras e paisagens que visitamos nas nossas andanças pelo Mundo. No que tange às minhas experimentações, coloco Belém e Jerusalém no restrito número das que suscitaram maiores reflexões sobre o Homem, as religiões e hierofanias.
Apesar do penso, logo existo, cartesiano as duas cidades pareceram-me impregnadas de um spleen que os graus e as várias gradações da luz ao longo dos dias não dissipou, antes pelo contrário, manteve-o inalterado.
A cidade da Natividade não é grande, a Igreja é singela tal como foi o leito do Deus-Menino nas palhinhas deitado, antítese plena, enérgica e vital, relativamente a uma reluzente negação a qual os fazedores de efeitos longe da real/realidade efabularam dando-lhe o nome de Pai Natal, apropriando-se dos dois profundos, graves e imagéticos vocábulos para gáudio e chorudos lucros das sociedades WASP.
Pessoalmente arranjei um sarilho constrangedor numa noite de Consoada ao perguntar a uma adolescente de 12 (doze) anos se ainda acreditava no dito, cujo Pai Natal. A mãe da menina acudiu aflita, o pai afivelou uma cara de poker toda a noite, todos os restantes convivas passaram a calcular as palavras, a sopesá-las o perguntador. Eu. Até hoje nunca mais nos voltamos a reunir numa clara e nula harmonização dos contrários, ao que julgo saber a encenação continua escorada em presentes vindos das lojas pois por estas bandas não há renas-táxi a que chamam trenós.
As mensagens simbólicas emanadas da Igreja de Belém possuem uma enorme força para todos quantos se preocupam com a causa das coisas, ao contrário do referido pelo infame alarve assassino de milhões de pessoas José Estaline perguntou quantas divisões militares possuía o Papa.
Agora, a guerra estúpida como todas as guerras são entre a agressora Rússia contra a Ucrânia evidencia o ocorrido em Belém há 2022 anos é, será sempre estrela a indicar caminhos de convergência pacífica bem diferentes da hipocrisia de instituições fantoches estilo Conselho Mundial para a Paz.
Votos de Boas Festas e feliz Natal, para os leitores e os cabouqueiros que todas as semanas tornam possível o Mensageiro de Bragança.

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