Mirandela

Alunos estrangeiros da Esact procuram trabalho para suprir dificuldades financeiras

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2023-07-20 10:52

É uma realidade, no mínimo, preocupante. A maioria dos alunos estrangeiros que frequenta a ESACT de Mirandela tem enormes dificuldades financeiras obrigando-os a procurar trabalho nas férias letivas para tentar equilibrar as contas e conseguirem terminar os cursos.

O problema é que, por norma, não conseguem arranjar trabalho nesta região e têm de procurar emprego em outros locais, não apenas no país, mas inclusivamente no estrangeiro.
Adriana Sanches diz ter sido difícil adaptar-se e também teve dificuldades financeiras, obrigando-a a abandonar o sonho de se formar. “Vim com o objetivo de estudar mas não foi possível, a minha família não tinha condições de me manter aqui, pelo que a solução era trabalhar, mas depois de um ano de tentativas optei por ir embora, e agora, vou trabalhar em Lisboa para conseguir algum dinheiro”, revela a cabo-verdiana.

Albufeira e Lisboa, em Portugal, e ainda países como França e Suíça, são os principais destinos escolhidos pelos alunos estrangeiros durante as férias escolares, para procurar trabalho e com isso ganhar algum dinheiro que ajuda, não só nas despesas mas também para pagar os seus estudos.

Pensamento diferente tem João Bragato. Este aluno brasileiro da ESACT de Mirandela, que atualmente está no primeiro ano da licenciatura do curso de Comunicação e Jornalismo, adianta que a adaptação à cidade transmontana até não foi difícil. No entanto, dá razão a quem vai para fora do país tentar arranjar trabalho, alegando que, por cá, os salários são baixos. ”Como é uma cidade muito pequena, é complicado dar emprego para todo mundo, os restaurantes aceitam duas ou três pessoas, nos hotéis é difícil conseguir um contrato de período curto para o verão, e Portugal é um país que também não paga muito bem. Então, as pessoas que conseguem ir para França, Suíça, Luxemburgo durante o verão já sentem uma maior segurança de voltar para aqui com dinheiro do que tentar a sorte e trabalhar aqui por quase nada”, acrescenta.

Já Keven Gomes, licenciado em Gestão e Administração Pública, atualmente a tirar o mestrado em Marketing Turístico, relata as dificuldades que sentiu quando veio para Mirandela. “Foi bastante difícil, porque o horário das aulas era praticamente quase o mesmo do trabalho e às vezes tinha que sair de uma aula mais cedo para poder conseguir ir ao trabalho. No início foi um bocado puxado. A partir do momento em que consegui um trabalho no verão, optei por ficar sempre aqui por causa do ambiente muito acolhedor”, explica.

Maira Gonçalves, aluna do terceiro ano do curso de Turismo, que tal como Keven, está em Mirandela há sete anos, revela que, no início não teve que trabalhar. “Só comecei a ter um trabalho no terceiro ano que já dava para ajudar um bocadinho a minha mãe, porque ela estava a pagar o meu curso, então quis ajudá-la”, adianta a estudante proveniente da Ilha de Santiago, em Cabo Verde.

Ainda há alunos que estão a tentar encontrar trabalho em Mirandela, mas acabam por desistir tendo em conta que a maioria das ofertas de emprego é no setor da restauração, onde impera a precariedade.

Assinaturas MDB