José Mário Leite

Espelhos e Janelas

Alexandre Quintanilha, cientista, fundador do IBMC, no Porto e deputado socialista, em discurso recente, na Assembleia da República, apontou a mentira como o maior inimigo da democracia. Sobretudo nos momentos de crise porque a mentira é sempre assertiva, nunca tem dúvidas e, sobretudo, porque se baseia na ignorância e explora as fragilidades de quem a ouve. É ainda muito perigosa porque esconde interesses poderosos, políticos, ideológicos e económicos.


A Cultura e a Pandemia

Quando a Covid 19 nos invadiu e tomou de assalto as nossas vidas, apanhou de surpresa tudo e todos não deixando de lado, obviamente, os autarcas e demais dirigentes regionais. Atarantados, como todos nós, reagiram, a seu modo, pensando fazer o melhor, suponho e facilmente lhes concedo tal crédito, tomando medidas que lhes pareceram adequadas, óbvias, intuitivas, mais fáceis, melhor entendíveis pela população que representam. Tendo sido adotadas, de supetão e inesperadamente, nem todas terão sido as mais adequadas. Seria fácil criticá-las, mas não seria justo. Não vou por aí.


O 4 e o 5 (entre o 8 e o 80)

Há um ano era proclamado, em Portugal, o primeiro Estado de Emergência da nossa Democracia. Perante um inimigo terrível, invisível e dramaticamente eficaz, surgiu entre todos, sem quaisquer exceções, dignas de monta, um consenso sobre a necessidade de recorrer a todas as armas disponíveis para fazer frente a tão poderosa ameaça. Esta união e consenso, à volta da defesa, perante a ameaça, justificavam-se por causa do terror com que éramos fustigados, todos, por igual. Mas, com o andar do tempo desfez-se a unanimidade precisamente porque o primeiro dos pressupostos não se manteve.


Bazuca

Não tenho opinião formada sobre António Costa e Silva, cruzei-me com ele, apenas uma vez, na Gulbenkian, mas não duvido das suas competências, não só pelas notícias públicas como ainda pela confiança que me desperta ter sido escolhido para liderar a Partex por Eduardo Marçal Grilo um dos administradores mais sensato, prudente e zeloso da Fundação da Praça de Espanha. Nada do que escreveu, divulgou e defendeu merece, grande reparo ou oposição. Sendo esse, precisamente, o seu mais provável defeito.


Bom senso e vergonha alheia

stive, recentemente, no Centro de Saúde de Vila Flor a acompanhar um familiar que ali ia receber a primeira dose da vacina para a Covid 19. Apesar da exiguidade das instalações e das regras de distanciamento, rigorosamente cumpridas, estava, antes das nove horas, tudo perfeitamente organizado para que às nove e meia se desse início à vacinação, como estava previsto.


Ai Catalunha!

Quando o tema é o nacionalismo e o direito histórico de todos os povos à sua autodeterminação fica difícil distinguir, claramente, o que é justo do que é injusto; o que é bom do que é mau; o que é legítimo do que é ilegítimo; o que é legal do que é ilegal.


O Povo e as suas Elites

Do PREC de 1975 conta-se um história, tida como verdadeira. Na primeira viagem diplomática à Suécia, após o 25 de abril, Otelo Saraiva de Carvalho, quando questionado pelo primeiro-ministro sueco, Olof Palme, sobre as grandes diferenças que estariam em curso, em Portugal, no pós-revolução, o capitão de abril ter-lhe-á dito que o caminho para o socialismo, em curso, na pátria lusa iria, garantidamente, acabar com todos os ricos, ao que o social-democrata nórdico terá respondido que a ambição sueca era, pelo contrário, acabar com todos os pobres.


Uma história exemplar

Aconteceu, inesperadamente e sem aviso prévio. Aparece na imprensa, é relatada por gente importante e torna-se tema de conversa uma situação conhecida se não exatamente como esta, pelo menos muito parecida, absolutamente igual na fase embrionária. Que, de qualquer forma, pode muito bem ser absolutamente igual se, por acaso, no futuro for bafejada com sucesso igual ou parecido. Porque, nestas andanças, a distinção entre um teimoso obstinado e casmurro, e um genial visionário é uma linha muito ténue, quase invisível e, efémera, muitas vezes.


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