A opinião de ...

Cultura

São centenas as definições de cultura? Serão milhares? Não sei. Contento-me com os Ensaios do notável T.S. Eliot, com as matrizes criticas em A Ideia de Cultura de Terry Eagleton, A Cultura Inculta de Allan Bloom e a sóbria e penetrante síntese sobra a Cultura do meu saudoso Mestre Padre Manuel Antunes.
À Fundação Gulbenkian devo formação de múltiplas tonalidades, sons, fúrias, Mundo e todo o género de leituras, ainda (e não é pouco, podem acreditar) intervenções variadas quer no campo da cultura popular urbana e rural, na área da cultura burguesa e no domínio (menos) da alta cultura.
Em face do anteriormente escrito, podem parecer pedantismo afectado (não é), julgo possuir um mínimo de conhecimentos do e no espaço cultural para comentar a situação actual na esfera da cultura portuguesa. Manda a verdade escrever que a última carta ao director do Público do meu prezado amigo Vítor Serrão, catedrático e laureado especialista de História de Arte, publicou no dia 28 de Junho pp., acicatou-me a emitir opinião referente a tão importante sector da nação portuguesa, cuja referência a Nação desde logo provoca comichões ideológicas de ortodoxos marxistas-leninistas ora reciclados debaixo do manto «diáfano» da fantasia dos ismos em voga com o rabo de fora.
Na beira da estrada o caminhante ganha consciência da inconstância da ministra da cultura, não por mudar de decisores como quem muda de camisa nos fins-de-semana, menos ainda por preferir o drink, sim, em inglês, fresco ao fim das tardes ao estudo e análise das carências existentes na esfera da cultura popular (folclore, música rural e religiosa, tradições, e artes culinárias), sim porque o tão citado interior e o tão procurado litoral no seu conjunto enfermam de carência de recursos estruturais que as obrigam à pedinchice, ao corta além e ali a colocar em dúvida o natural desenvolvimento técnico, tecnológico e científico dos caboucos dos nossos patrimónios de diversos matizes e colorações.
A iliteracia galopa nas costas dos equipamentos tecnológicos até à falta de manutenção dos equipamentos, as diminutas tiragens de obras literárias (arte, ensaio, filosofia, ciências sociais, religião, etc.) comprovam a ruína no tocante à edição da ânima da gloriosa Nação que os fariseus pretendem apoucar e acoimar esquecendo (propositadamente) o tempo e o modo (nome de revista de culto engolida pelo caruncho burocrático a que a Fundação Gulbenkian remediou parcialmente), a asfixia da nossa língua prossegue alegremente não fosse a ministra adepta do refrescante drink sorvido nas farfalhudos actos de ver e ser vistos olvidando o lento e penoso escarafunchar dos múltiplos veios da lusitanidade alicerce da edificada das raízes culturais de milénios conferindo-nos uma mundividência identitária a não poder sofrer dichotes ao estilo canhestro e cavernícola do deputado socialista Simões eleito pelo círculo de Vila Real.

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3841

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