Brgança

Depois do produto natural para conservar o vinho, empresa transmontana cria produto para preservar cerveja

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-11-03 11:53

A Tree Flowers, empresa que está a desenvolver um produto natural, à base de flor de castanheiro, para ajudar à preservação do vinho, vai lançar também um produto para a conservação da cerveja feito à base da flor de castanheiro.
A novidade foi avançada no sábado, no Instituto Politécnico de Bragança, durante uma sessão que pretendeu discutir a investigação e desenvolvimento no uso de produtos cem por cento naturais na conservação do vinho.

“Também para conservar as cervejas e permitir mais tempo de prateleira, garantindo sabores e aromas. Neste momento, já conseguimos o dobro do tempo de conservação [da cerveja]”, explicou João Gonçalves ao Mensageiro.

os estudos já realizados permitirem perceber que este novo produto permite pelo menos duplicar o tempo de conservação da cerveja. “Atualmente, a partir do quinto mês começa a decair. Nós já vamos em 13 meses, com a mesma qualidade”, frisou.

Os estudos preliminares terminam a 30 de junho.

Até lá deve estar concluída a construção da unidade fabril que está a ser construída na Zona Industrial de Bragança, onde vai ser produzido o produto para a conservação do vinho, o chestwine.

“Este projeto arrancou com a Tree Flowers em 2019. Estamos na última fase de certificação, na parte internacional. No próximo ano já estaremos oficialmente a fornecer o produto no mercado.

Vamos começar com Portugal, Espanha, França e Itália. Estamos a construir uma unidade industrial em Bragança, que deverá estar pronta até à Páscoa, o mais tardar em maio, para começarmos a fabricar o nosso produto a partir de Bragança.

A tecnologia é cem por cento natural e certificada”, frisou João Gonçalves. O investimento será de 1,5 milhões de euros e prevê a contratação de mais seis colaboradores, a somar aos seis já em funções.

Aos 40 anos, este engenheiro agrónomo, com raízes em Carrazeda de Ansiães, vai-se dividindo entre a Alemanha e Portugal.

O chestwine pretende substituir o uso de produtos químicos (sulfitos) usados atualmente na produção de vinho e que podem ter efeitos nefastos. “Os sulfitos provocam dores de cabeça, há pessoas que são alérgicas. Temos aqui um produto natural, que permite proteger vinhos, e permite aumentar à fileira da castanha, com a utilização de um sub-produto que não era usado”, explicou ao Mensageiro.

Jorge Afonso, responsável pelos vinhos da Casa do JOA, em Parada (Bragança), associou-se ao projeto e diz que o chestwine é uma mais valia.

“Antes de pegarmos neste projeto já tínhamos pegado nas vinhas centenárias. Quando percebi que parte destas vinhas estava a ser abandonada foi quando comecei este projeto de dinamização e divulgação deste património. A nossa ideia sempre foi respeitar muito a terra e as castas da vinha. Quando apareceu o chestwine e a oportunidade de participar na investigação, apostámos logo nisso pois permite criar vinhos ainda mais orgânicos e mais naturais.

A grande diferença é que o chestwine acaba por preservar mais os aromas varietais. Uma das castas mais aromáticas é o moscatel. Com o chestwine parece que estamos a cheirar o aroma original das uvas. Uma outra diferença é na questão da perceção, que valoriza o vinho pela aposta nos produtos naturais”, frisou Jorge Afonso.

Para já, a utilização deste produto aumenta um pouco os custos de produção mas o objetivo da investigação é baixar esse peso. “Aumenta um pouco os custos de produção, cerca de 40 cêntimos por garrafa. Mas queremos baixar. Ainda é só uma estimativa”, concluiu.

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