A opinião de ...

Um novo capítulo

É praticamente impossível iniciar o ano letivo abstraindo-nos da grave crise que vive a Escola, em Portugal, pela falta de professores.

Imagino mesmo os alunos e pais e encarregados de educação perguntando aos Diretores o que estes estão, podem ou pensam fazer para resolver tal insuficiência, os quais, submersos pela realidade desprovida de soluções, afirmam - “nada”!
Até em EMRC se presencia uma falta angustiante de professores...

Não, já não servem as desculpas de que existe esta falta em todos os países ou que se está a trabalhar para colmatar esta grave situação.
De modo adequado, creio que o que se deve fazer, em primeiro lugar, é mesmo assumir a realidade, partir da verdade para recuperar a credibilidade e corrigir os erros que conduziram o nosso sistema educativo até aqui.

É necessário virar a página e começar um novo capítulo. Hoje já podia ser um novo dia para se planificar e concretizar algumas medidas fundamentais, aliás à semelhança do que ocorre em alguns países.

Podem ser, entre outras, atrair candidatos aos cursos de formação que habilitam para a docência, pela diminuição do valor das propinas ou mesmo o não pagamento das mesmas.
Depois, apostar na formação inicial, com estágios remunerados, apoio à aquisição de livros e outros recursos imprescindíveis, sobretudo os relativos às tecnologias digitais.
Igualmente importante seria incrementar a formação contínua dos professores, mais articulada com o Ensino Superior e com a Comunidade Educativa, dentro do país, ou até mesmo fora do país, atribuindo bolsas para o efeito e licenças sabáticas, principalmente aos profissionais do Interior de Portugal, que não encontram ofertas de mestrados e doutoramentos neste território.

Aprender para depois ensinar exige todo um investimento e dedicação pessoal elevada, ao longo de uma vida inteira, que deve ser premiada com a garantia de colocação justa, de uma estruturação da carreira de acordo com as exigências físicas e psicológicas a que estão sujeitos e, concomitantemente, com uma remuneração digna que iguale outras profissões, atualmente com salários muito mais elevados.

Os professores devem ver o seu estatuto social mais elevado e ser mais respeitados pela sociedade em geral.

Oxalá o Governo, mais propriamente o Sr. Primeiro-Ministro e o Sr. Ministro das Finanças estejam mais determinados em escrever um novo e bem-sucedido capítulo nesta triste história, mudando o seu entendimento e postura (veja-se a questão da não contagem do tempo de serviço...), pois são os professores que estão frequentemente na base do sucesso educativo dos alunos para estes estarem mais bem preparados e próximos de obter êxito na vida.

Então, sim, poderemos celebrar o Dia Internacional do Professor, no dia 05 de outubro, com alegria e pleno de sentido.
Se assim não for, temo que muitos jovens acabem por não optar por esta magnífica e insubstituível profissão e missão pois não estarão disponíveis para um País que não respeita e valoriza os seus Professores.

Edição
3954

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