A opinião de ...

O verão que não nos traz descanso

Aproxima-se o final deste ano letivo e, com ele, as últimas notas desta partitura linda educativa ecoam ainda harmoniosamente, mas já mais pausadas e demoradas fruto do cansaço de gerar esta obra sinfónica!
Os seus principais intérpretes, os Alunos, vivem ainda sob o stress das últimas provas e dos últimos exames, da 2.ª fase, e as pressas de calcular as notas finais de conclusão do Ensino Secundário e as sequentes (e consequentes) médias para o concurso de ingresso no Ensino Superior ou Profissional ou no mundo do trabalho, enfim!
No universo da EMRC ficam já efetuadas as matrículas do próximo ano letivo e daqui depositários do número de alunos que frequentarão esta disciplina curricular, de oferta obrigatória, mas de opção facultativa.
Nos últimos tempos, os números na nossa Diocese de Bragança-Miranda dão-nos um misto de sentimentos: alegria pelo aumento de alunos inscritos, com realce para o Ensino Secundário, em Bragança, e grande apreensão pela diminuição grave e significativa de alunos, já a partir do 2.º Ciclo, especialmente em Alfândega da Fé, Freixo de Espada-à-Cinta e Vila Flor.
No entanto, de modo geral, com o esforço da Conferência Episcopal Portuguesa, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), dos Secretariados Diocesanos e de tantos Professores/Professoras, são milhares as crianças, adolescentes e jovens que optam por EMRC.
As razões desta escolha, do que nos vai sendo dado a perceber, advêm muito da qualidade e dedicação dos seus Professores, do seu empenho em criar acolhimento, proximidade, diálogo e do seu compromisso ético, pessoal e profissional, em ajudar a pessoa do aluno a dar passos no saber, saber-fazer e muito especialmente no saber ser e saber relacionar-se. Finalmente, para que a sua vida faça sentido, em dignidade de pessoa que se interroga, entende, abre ao Outro e ao Totalmente Outro e nas escolhas livres e conscientes que é desafiado a fazer, tendentes à felicidade.
Outra razão fundamental e decisiva é, inquestionavelmente, a relação de confiança com os Pais e Encarregados de Educação, que confiam o seu maior tesouro para que seja bem cuidado e valorizado.
Igualmente importante, é a relação de colaboração e de disponibilidade para ser agente agregador e empreendedor com as lideranças escolares, a começar pelos diretores e com os colegas professores e os funcionários das Escolas.
Por fim, não se pode esquecer, o envolvimento dos párocos e da motivação das paróquias e dos seus diferentes agentes em concorrer para a melhor e integral educação dos seus membros mais jovens.
Não obstante o descanso que o verão nos concede, não podemos deixar de nos inquietar e fazer sempre tudo para não deixar para trás aqueles que não elegem esta opção de EMRC, este espaço de interioridade, de transcendência, de expressão cultural e religiosa, base da cultura e identidade europeia.
A este propósito vêm-me à memória o que disse em tempos Pablo Iglesias, ex-secretário geral do Podemos, em Espanha, que “lhe encantaria crer em Deus” e o que não teria mudado se algum dia tivesse tido um professor de EMRC que lhe tivesse explicado o que é de facto crer em Deus.
Em tempos de Jornada Mundial da Juventude, de Fé e de festa, mas também tempos de apatia religiosa e de desligamento por parte de muitos, importa estar sempre atento e ativo para dar a conhecer a beleza e o deslumbramento da boa nova de Jesus Cristo.

Edição
3944

Assinaturas MDB