A opinião de ...

Não é possível uma “Feira de S. Mateus” em Bragança?

A pergunta que por estes dias muitos de nós vimos fazendo é, porque é que não há uma Feira, como grande evento, em Bragança.
O Dicionário define “evento” como “acontecimento, ocorrência, sucesso”, isto é, algo que causa impacto e é relevante.
Como tal, um evento para ser relevante deve proporcionar algo de novo a quem o vai consumir e, por isso, ser criativo. No caso de Feira, esta deve ser direcionada para segmentos específicos, constituindo-se como uma oportunidade de contatar com possíveis clientes e parceiros e ainda de demonstração dos produtos/serviços.
Neste sentido, a Feira das Cantarinhas, que tem algum relevo histórico e alcance regional, não cabe aqui.
A Feira que pode ser considerada nesta reflexão, com alguma identidade e relevância era a “Feira Internacional do Norte - Norcaça, Norpesca e Norcastanha” que desde à quatro ou cinco anos a esta parte revelou uma perda de importância acentuada, tendo levado mesmo a que a última edição, de 2022, já não se realizasse.
Muitos cidadãos, a própria Confraria Ibérica da Castanha, estranharam tal decisão do Município de Bragança na medida em que, pelo menos publicamente, as razões que a tal levaram nunca foram explicitadas.
No entanto, elas poderão facilmente ser aduzidas não só pela diminuição da sua utilidade como mercado, mas também por falta de um projeto de revitalização e atualização de acordo com as exigências dos diferentes públicos.
Porém, há em localidades Feiras, como Vinhais, com a Feira do Fumeiro, Macedo de Cavaleiros, com a Feira da Caça e do Turismo, para além da Feira de S. Pedro e Miranda do Douro, com o Festival de Sabores Mirandeses, etc, que apresentam de certa maneira um cartaz consolidado e um sucesso inabalável.
Estes e outros exemplos dão para constatar que a realização de determinados eventos já se revelou fundamental para impulsionar o desenvolvimento social e económico tanto a nível local como nacional.
Sendo assim, urge re-imaginar em Bragança a questão de um evento Feira, com as características inerentes a uma atividade de marketing e vendas forte, através do qual se pode estabelecer uma relação entre Iniciativa (Município, entre outros) – Marca (produtos) e Visitantes/Consumidores, com o intuito de se dar a conhecer os produtos, valores e ideias e atrair potenciais participantes e clientes e vender...
Bragança não é o solar principal da raça bovina mirandesa, um dos maiores produtores de castanha nacional, uma das mais importantes fontes de produção de mel, de fumeiro, entre outros produtos distintos?
Então voltemos à questão que encima este texto: a revitalização, reposicionamento, requalificação e promoção fizeram da Feira de São Mateus um certame de referência a nível nacional. É mesmo considerada o ex-líbris de Viseu, tendo alcançado por exemplo, em 2022, mais de 1 milhão e 200 mil entradas!
Outra questão é que também o recinto da Feira de São Mateus já foi, por diversas vezes, considerado como um exemplo de requalificação urbana e valorização ambiental, através da sua redefinição e recriação, dotando-o de equipamento urbano moderno e de um novo espaço multiusos.
Talvez não fosse má ideia pensar nisto.

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