A opinião de ...

Todo o Homem é meu irmão. Mesmo que ele não queira ser.

Homem, com inicial maiúscula, engoba os homens, as mulheres, as crianças e os idosos. Por isso, não me venham as feministas chamar machista, as crianças, pedófobo, e os idosos, gerontófobo.
Numa época em que, erradamente, se dividem os cidadãos em função da sua cor, da sua idade, da sua religião e da sua proveniência geográfica, venho afirmar e defender que organizar a cidadania em função destas divisões é destruir a coesão social interna dos países/confederações/federações e promover a guerra futura entre as populações desses territórios. A humanidade não se divide nem em raças nem em religiões nem em proveniências nem ainda em idades mas sim em pessoas carentes, necessitadas, auto-suficientes e abastadas.
A cidadania não tem nem cor nem religião nem proveniência. Sou cidadão português porque nasci em Portugal, fui educado em Portugal, adquiri direitos mediante o cumprimento de deveres, em Portugal, e comprometi-me a cumprir deveres cívicos, económicos, sociais e políticos, em Portugal e na Europa. Mas poderia ter vindo de África, da América, da Europa não confederada,, ou da Ásia que, uma vez tendo sido assumido como cidadão, ou português ou com dupla nacionalidade, serei obrigado a cumprir os mesmos deveres e terei direito aos mesmos direitos e liberdades que qualquer cidadão de pleno direito em Portugal e nos territórios/países/ comunidades da União Europeia.
Em face destes pressupostos, afirmo que devemos estar abertos à imigração, na medida em que possamos dar emprego às pessoas que querem vir a pertencer-nos. Afirmo também que devemos estar abertos a receber pessoas que precisam de ajuda e, por um período adequado, sustentá-las e ajudá-las a ganhar autonomia.
Porém, não podemos fazer isto demagogicamente, sem limites, como querem alguns grupos económicos, cívicos, religiosos e políticos. O nosso dever primeiro é manter a nossa comunidade sustentável e, na medida do possível, ajudar os outros. Porque somos pobres.
Temos o dever de ajuda. E tê-lo-emos tanto mais quantos mais recursos tivermos ao nosso alcance. É assim que as pessoas da classe alta (90.000 euros anuais e pelo menos licenciatura) têm maiores deveres do que as da classe média alta (50.000 euros anuais e ensino secundário ou profissional), do que as da classe média baixa (35.000 euros anuais e ensino secundário humanístico) e do que as da classe baixa (20.000 euros anuais e ensino básico).
Esta classificação, internacionalmente aceite no espaço da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) coloca 70% dos portugueses e portuguesas abaixo dos valores da classe baixa, ainda que saibamos que os rendimentos declarados em IRS tenham muitas omissões.
Porém, não deixa de ser curioso que a ajuda aos outros, em Portugal, se estrutura mais em função da vivência do estado de pobreza do que da consciência da obrigação de ajudar porque este sentimento se constrói a partir da vivência naquele estado. Ou seja, quanto mais sentimos as nossas necessidades, mais percebemos as necessidades ou esbanjamentos dos outros.
Aqui radica a alma altruísta do Povo Português. Do Povo, não das elites porque estas são falsas elites.

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3841

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