A opinião de ...

Vimioso: Realidades e ficções, de onde termina a terra...e não começa o mar.

1 -Da imprensa regional do dia 18/02/2021:
Autarca pede intervenção de Marcelo e Costa. O Presidente da Câmara de Vimioso insiste que o Presidente da República e o Primeiro Ministro “têm de alertar as operadoras de redes móveis para as dificuldades no acesso à Internet no interior do país lembrado, mais uma vez, as dificuldades que os alunos e outros utilizadores têm em aceder às redes de dados e comunicações, quando estes serviços são essenciais para o desenvolvimento destas regiões do ponto de vista social, educacional e económico, não havendo qualquer justificação para que se mantenham na região tantas zonas sombra onde este tipo de tecnologia não tenha chegado”.
Leonor, aluna de 12 anos, de Serapicos-Vimioso, desloca-se um quilómetro, várias vezes ao dia, para assistir às aulas dentro da carrinha que o pai estaciona num ponto alto da aldeia para apanhar rede. Em condições tão adversas, para além de outras dificuldades, esta aluna refere que, “Mesmo quando chego aos pontos mais altos, para além do frio que apanho dentro da carrinha, a ligação está sempre a cair e por isso perco muita matéria. Não consigo fazer os trabalhos que me são marcados porque não consigo ouvir os professores em boas condições. Para além deste problema, tenho de me deslocar quatro ou cinco vezes por dia para cada um dos pontos da aldeia, onde consiga apanhar rede, o que é muito desgastante, stressante e complicado”. Mas os problemas não acabam aqui. Segundo o Sr. Miranda, pai da Leonor, esta situação complica toda a sua sobrecarregada vida profissional, porque “tem lavoura e algumas centenas de cabeças de gado, tarefas que também requerem muita atenção e muito trabalho”.
2 – Da imprensa regional de 26/11/2019:
Da intervenção da Secretária de Estado da Valorização do Interior Dr.ª Isabel Ferreira, na sessão do Conselho Raiano de Bragança:
“Eu quero estar por todo o lado, porque a valorização do interior não se vai fazendo estando sentada num gabinete, seja ele onde for”. Depois de afirmar que não está “à espera que as pessoas a procurem, mas que será ela própria a estar “disponível” par ir ao encontro delas” aproveitou para informar que “as competências desta secretaria de Estado são muito diferentes e, por isso, tem meios para executar o que preconiza”, referindo ainda que “fazia todo o sentido que o gabinete esteja no interior, uma vez que é onde se encontram as pessoas que melhor conhecem o interior”. Plenamente de acordo mas, se ainda é pelos frutos que se conhecem as árvores, estamos conversados.
Post scriptum: No passado dia 26/11/2019, sobre a colocação em Bragança desta meia secretaria de estado, sobre a intervenção da Sr.ª Dr.ª Isabel Ferreira, escrevi que, “Sem acalentar grandes esperanças de que a colocação em Bragança de meia secretaria de estado, pudesse contribuir significativamente para inverter a atual situação da nossa terra e das nossas gentes, mesmo assim, vamos dar à Sr.ª Dr.ª Isabel Ferreira o benefício da dúvida”. Demos, e agora? Respondo citando o grande Cícero: “O tempora, o mores”!

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