A opinião de ...

Do Natal de Belém, à moderna mistificação do “não Natal”

Na recente comunicação ao país sobre a prorrogação do estado de emergência, o senhor Presidente da República, deu grande enfase à sua preocupação de que “não seja posto em causa o espírito de Natal” o que até acaba por não acrescentar nada de novo, tal tem sido a obcecação quase doentia de muito boa gente responsável que, numa tentativa mal conseguida de desviar as atenções das grandes preocupações deste momento, tenta fazer-nos acreditar que todo o nosso futuro terá de ser equacionado em função da defesa do tal “espírito de Natal” deste ano de 2020, tudo não passando duma tentativa falaciosa, facilmente desmontável, com a resposta a uma pergunt, tão simples como esta:
- Afinal, a que “espírito” e a que “Natal” pretendia Sua Excelência referir-se com tanta insistência, tanto empenho e tão inusitada preocupação?
Para não enveredar por uma qualquer deriva ou especulação, situações aleatórias desprovidas de objetividade e desajustadas da realidade atual, apenas e só para ajudar na procura duma resposta minimamente plausível a esta dúvida, duma maneira muito simples e despretensiosa, em contraponto com a volúpia desregrada dum consumismo materialista, quase a roçar a irracionalidade, que nos sufoca e nos explora quase até à exaustão e que, desde algumas décadas e sem qualquer sentido, se vem classificando como o “espírito da época natalícia”, vou tentar por à consideração o verdadeiro espírito do Natal da noite santa de Belém, cuja luz ilumina a humanidade há mais de dois milénios
Segundo a encantadora narração do evangelista S. Lucas, Jesus nasceu em Belém porque, para cumprirem a obrigação imposta pelo imperador romano César Augusto, de se “alistar com a sua esposa Maria, que estava gravida”, José e Maria subiram da Galileia, da cidade da Nazaré, onde viviam, até à cidade de Belém na Judeia. “Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz o seu filho e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio, porque não havia lugar para eles na hospedaria”. Estavam nos arredores uns pastores, um anjo do Senhor apareceu-lhes e disse-lhes: “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na cidade de Belém um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura”. E, subitamente, ao anjo juntou-se uma multidão do exército celeste que louvava a Deus e dizia: “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da sua benevolência”.
Foram com pressa e acharam Maria e José e o Menino deitado na manjedoura. Vendo-o, voltaram os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, sem se aperceberem que foi a eles, homens simples e disponíveis, que Deus acabava de conceder o privilégio de serem das primeiras testemunhas do nascimento do seu divino filho feito menino no desconforto dum presépio, naquele que foi o primeiro e verdadeiro dia de Natal, portador duma nova mensagem de esperança para toda a humanidade.

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3811

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