A opinião de ...

A Debandada

Desde 30 de Janeiro que estamos a verificar que as eleições legislativas provocaram vivazes revoadas de políticos a deixarem os seus ninhos e outros a encolherem-se nos nichos à espera que a ventania passe esperançados no rápido regresso do bom tempo, do chilreio dos passarinhos, da bonança de modo a suste-los no arame quais artistas circenses, entenda-se no palco (mesmo que exíguo) da política nacional.
Se Rui Rio foi lesto a anunciar o seu regresso a casa e ao seu labor profissional, não sem antes apresentar e ajustar contas dos ganhos e das perdas no decorrer dos seus quatro anos de reinado, incluindo as de subtrair deputados amigos de morderem a mão que lhes deu ração e conforto de qualidade. Se regressa ou não só o oráculo de Delfos o saberá. O Chicão não aguentou a rabanada de vento, estatelou-se, tudo indica ter entrado na órbita do finito. A senhora dos túneis não da saudosa linha do Tua, sim dos frutos vermelhos anda desaustinada ao modo das boubelas a forrarem o ninho onde colocarão os ovos fora do alcance dos milhafres. Esta senhora Inês ainda não conseguiu perceber que tal como a galinha lhe caiu um pedaço do céu na cabeça deixando-a à razão de juros de mora apresentados por André Silva. Pobrecita!
A debandada de votos no Bloco de Esquerda e no Partido Comunista augura substancial alimento do Partido Socialista, sobrando para os dois partidos
Aguada sopa de sustentação no futuro. Bem podem esbracejar, o jejum de quase cinco anos (de vacuidade) vai transformá-los numa espécie de chouriças larotas, o Bloco porque a sua sociedade de espectáculo (leia-se Debord) o reportório ficará envelhecido, caduco. A idade centenária do Partido Comunista retirou-lhe seiva e vigor, o fado de António Mourão fará rolar lágrimas pelas faces dos veteranos, porém o somatório dos dias acumulados assim o determina. Pelo exposto paira o perigo da mexicanização do regime, cousa funesta para o futuro de Portugal. A quebra demográfica pode ser aliada do regime cor-de-rosa. Pode. Pode!
De qualquer modo também é possível uma revoada de sinal contrário pois em política a «arte do possível» ao virar da esquina, debaixo dos pés de quem possui o poder, uma imprevista derrocada das instituições e caímos no pântano guterriano. Mais uma vez a seca demográfica ameaça a nossa Portugalidade.

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