FUTEBOL DISTRITAL

XADREZ TÁTICO: Final da Taça Distrital AF Bragança 2024/2025 (Vídeo)

Publicado por José Alonso em Qua, 05/07/2025 - 15:41

Crónica da autoria de José Alonso, treinador de 26 anos, natural de Mirandela, com percurso iniciado no Abambres SC e experiência nos escalões de formação e seniores do SC Mirandela e do GD Bragança, incluindo o Campeonato de Portugal. Licenciado e mestre em Ciências do Desporto, é também pós-graduado em análise de jogo.

 

Análise Táctica | Final da Taça Distrital da AF Bragança — SC Mirandela 1–1 ACD Rebordelo (3–2 g.p.)

 

Na final da Taça Distrital da Associação de Futebol de Bragança, o SC Mirandela e o ACD Rebordelo protagonizaram um encontro equilibrado e competitivo, com fases de domínio repartido. Após o empate no tempo regulamentar e no prolongamento, a decisão acabou por sorrir ao SC Mirandela no desempate por grandes penalidades. Nesta análise, destacam-se os principais momentos do jogo e as dinâmicas tácticas que marcaram a partida.

 

Entrada forte por parte do SC Mirandela, que conseguiu impor o seu ritmo desde o início. Domingos, extremo do SC Mirandela, aproveitou uma transição ofensiva para acelerar e criar a primeira ocasião do jogo, com um remate cruzado que passou ao lado do poste esquerdo do ACD Rebordelo. Esta entrada fez com que a maioria da primeira parte se passasse no meio-campo ofensivo do SC Mirandela. A pressão exercida foi tão intensa que o ADC Rebordelo raramente conseguiu ultrapassá-la. A linha ofensiva da equipa de Gilberto Vicente estava muito baixa, tornando a pressão adversária mais difícil de lidar.

 

O SC Mirandela teve a segunda grande oportunidade após uma bola parada, com Deven a rematar à trave após desvio no primeiro poste, e terminou com uma boa defesa de Caio após a recarga. Com correções feitas pelo banco de Gilberto Vicente, os médios do ADC Rebordelo começaram a encaixar nos médios do SC Mirandela, que rapidamente se aperceberam e tentaram contrariar com trocas posicionais. Trocas posicionais entre o médio centro (Parkes / David), que recuava para o corredor lateral, permitindo que o lateral (Yago) se projetasse e o extremo (Ventoinha) preenchesse o corredor central. Com estas alterações, o ADC Rebordelo voltou a sentir dificuldades, principalmente para controlar o espaço entre a linha média e defensiva, utilizado por Deven e Ventoinha para acelerar os ataques e criar perigo para a baliza de Caio. Primeiro, Deven recebeu, rodou e rematou de longa distância para uma defesa segura. Em seguida, Yago descobriu Ventoinha atrás da linha média, que acelerou e serviu Domingos na direita. Após tirar um adversário da frente, Domingos assistiu Ronaldo, que apareceu sozinho na área para inaugurar o marcador.

 

Este golo trouxe tranquilidade ao SC Mirandela, que baixou o ritmo e, consequentemente, a intensidade da pressão, permitindo ao ACD Rebordelo construir as suas jogadas de forma mais organizada, aumentando a posse de bola. Com posse de bola mais prolongada, o ADC Rebordelo conseguiu subir o seu bloco e terminar a primeira parte com 2 remates de Leo: o primeiro pouco à frente da linha de meio-campo, após interceção a passe de Clemente, tentando surpreender um adiantado Vítor; o segundo, um remate acrobático após cruzamento da direita.

 

A segunda metade começou com ambas as equipas a tentarem impedir o adversário de construir as suas jogadas com critério. Do lado do SC Mirandela, a pressão de Ronaldo sobre Caio teve o efeito pretendido, até que a sorte sorriu a Caio após um duelo com Ronaldo, onde a bola ficou à sua frente. A pressão do ADC Rebordelo subiu, mas foi ultrapassada após uma sequência de passes no corredor esquerdo do SC Mirandela, que acabou por libertar Deven. Ele fletiu da esquerda para o meio, ultrapassou um adversário e rematou colocado para o poste mais distante. Caio esticou-se para uma defesa incompleta, permitindo a Domingos cruzar da direita para um alívio de Biel que saiu na direção de Ventoinha. Este, por sua vez, rematou forte e cruzado, enviando a bola ao ferro direito da baliza de Caio.

 

Mesmo depois desta oportunidade, o ADC Rebordelo continuou a pressionar a linha defensiva do SC Mirandela, que começou a optar mais vezes por passes longos para contornar essa pressão. Estes passes longos beneficiaram o ADC Rebordelo, que começou a recuperar a bola mais rapidamente e viu os ataques do SC Mirandela perderem expressão. Com isto, o jogo passou a ser mais disputado no meio-campo ofensivo do ADC Rebordelo, que após recuperações altas conseguiu colocar o SC Mirandela em sentido por duas vezes. Inicialmente, com a equipa do ADC Rebordelo a conduzir contra-ataques do corredor central para a direita, onde surgiu um cruzamento para uma finalização de calcanhar de Luiz Felipe, intercetada por Tiago, central do SC Mirandela. A segunda oportunidade surgiu após recuperação no meio-campo ofensivo, com Leo a impedir a concretização do passe entre Clemente e Deven. Com um passe em profundidade, o avançado do ADC Rebordelo, Thiago, ficou num contra-um com o guarda-redes do SC Mirandela, sendo rapidamente reagido e cortado por Tiago.

 

O jogo passou a ter um sentido único, com o ADC Rebordelo a ter uma excelente oportunidade para empatar. Esta oportunidade surgiu após uma rápida marcação de livre para João Victor, que cruzou para o segundo poste, onde Luiz Felipe cabeceou para uma defesa de Vítor. O empate não tardou, logo após essa oportunidade, que originou um pontapé de canto a favor do ADC Rebordelo, onde Thiago saltou no interior da área para empurrar a bola para o fundo das redes da baliza do SC Mirandela.

 

Após o empate, os treinadores mexeram nas suas equipas a partir do banco. Daniel Ferreira foi o primeiro, substituindo Ventoinha (extremo) e Parkes (médio centro) por Rian, que entrou para o lugar de Ventoinha no corredor esquerdo, e Fofana, que entrou para jogar na frente de ataque com Ronaldo, enquanto Deven baixava para o lado de David. Estas alterações tornaram o SC Mirandela mais ofensivo. Gilberto Vicente não demorou muito a responder, fazendo três substituições (duas para o ADC Rebordelo e uma para o SC Mirandela) numa paragem. Na equipa de Rebordelo, entraram Frank para o lugar de João Victor (lateral esquerdo) e Miguel para o lugar de Buba (médio centro). Miguel passou a ocupar a posição de médio ofensivo, à frente de Coy e Manu. No SC Mirandela, houve também uma troca direta com Ivan a render Yago (lateral esquerdo). Assim, Gilberto Vicente passou a ter um médio com mais capacidade de organizar o jogo em zonas mais recuadas (Manu, que baixou para o lado de Frank) e outro com capacidade de receber entrelinhas (Miguel).

 

Foi com este posicionamento que Miguel, na sua primeira intervenção, recebeu e alvejou a baliza de Vítor, defendendo para canto. Daniel Ferreira voltou a mexer no setor defensivo, passando Vergueiro para a posição de Domingos, que saiu para dar lugar a Loureiro. Este passou a ocupar a lateral esquerda e Ivan, também recém-entrado, passou para a lateral direita. Estas alterações nos corredores foram aproveitadas com dinâmica de construção/criação a 3 com David (médio centro) a baixar entre os centrais, permitindo que os laterais se projetassem aproveitando a sua frescura física.

 

O ADC Rebordelo respondeu com subidas de Ednan no corredor direito para tentar aproveitar possíveis subidas do lateral. Tendo em conta este momento do jogo, Gilberto Vicente lançou João Varanda para substituir Leo, jogando como extremo e ocupando zonas mais próximas da área do SC Mirandela, numa tentativa de colocar mais jogadores para os cruzamentos de Ednan. Estas investidas de Ednan no corredor direito acabaram mesmo por criar perigo para a baliza de Vítor, que viu um remate acrobático de Thiago ser desviado por Clemente, acabando por sair ao lado do poste direito.

 

A segunda parte terminou com as equipas empatadas, encaminhando o jogo para o desempate por penáltis. Antes do prolongamento, ambos os treinadores fizeram substituições, sem alterações táticas. Para o ADC Rebordelo, entrou Rangel para substituir Thiago, enquanto Varanda se moveu para a frente. No SC Mirandela, Juliano entrou para substituir o marcador do único golo do SC Mirandela, Ronaldo.

 

O prolongamento foi disputado, com as defesas a superarem os ataques e poucas oportunidades claras de golo. Em duas ocasiões, o ADC Rebordelo conseguiu chegar com perigo à área adversária. Primeiro, com uma jogada coletiva finalizada por Rangel, com um remate cruzado para uma boa defesa de Vítor. Depois, com João Varanda a rematar de longe para mais uma defesa segura do guardião do SC Mirandela. A melhor oportunidade da segunda parte do prolongamento foi para o SC Mirandela. Após lançamento longo de Clemente para Fofana, este fletiu da direita para o meio e cruzou com o pé esquerdo para um cabeceamento de Rian, que passou ligeiramente por cima da baliza de Caio.

 

Com o empate a manter-se no final do prolongamento, o jogo foi decidido através da marcação de grandes penalidades.

 

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