A opinião de ...

Igreja

Apesar de trabalharmos sem quase olharmos a feriados nem a Domingos e de nem sempre termos ido à missa nem, muito menos, a confissões nem à comunhão e de ignorarmos os jejuns e a abstinência, contribuindo com quase nada para as despesas religiosas e de culto;
Apesar de nem sempre Deus ser a nossa primeira das prioridades e, até, de O ignorarmos, de esquecermos quanto os nossos Pai e Mãe foram e são a nossa razão de ser, de não medirmos as nossas responsabilidades na morte de alguém, de confundirmos amor e sexo não privilegiando o primeiro, de tantas vezes nos acharmos com direitos sobre o que é dos outros e de não respeitarmos a sua intimidade, o seu bom nome, a sua família, de acumularmos bens em vez de sermos cada vez melhores homens e mulheres;
Apesar de nos remetermos ao silêncio ou ao conforto ao sabermos de notícias, ao vermos a miséria, ao ouvirmos pedidos de ajuda, ao cruzar-nos com quem chora ou está triste;
Apesar de ignorarmos o que vai na mente preocupada e aflita dos que connosco convivem no dia a dia, em casa, no trabalho ou na rua;
Apesar de nos querermos alheios e longe dos problemas por que possam passar os padres, as freiras, os religiosos, sejam quais forem e sejam quem forem;
Apesar de tudo isto, de nos considerarmos auto-suficientes e de não precisarmos de ninguém, de o sucesso nos poder fazer pairar acima de dificuldades, de o tempo em que vivemos nos dar a sensação de perfeição e potência e de rejeição de todas as trevas da humanidade passada, apesar de tudo…
(mesmo estando no oposto, sendo o outro, sem bússola nem rumo, aflito, desesperado, discriminado negativamente por pessoas ou por instituições, sem autoestima, feito farrapo, a achar que a desistência ou a inexistência seria preferível ao sofrimento e solidão)
…eu sei que, se um de nós decidir subir o degrau e atravessar a porta de entrada, a Igreja está aí para nós, a receber-nos e a deixar-nos sentir o olhar e o abraço de Cristo que nos permitirá irmos até Deus.
Porque a Igreja, apesar de todos os defeitos que lhe queiramos e poderemos ver, é obra d’Ele há mais de dois mil anos, embora com operários fracos, que somos nós, há mais de dois mil anos; manteve até nós a linha do Império Romano e dos seus valores de civilização e cultura no espírito do a César o que é de César e a Deus o que é de Deus; formou todos os que praticaram uma vida no sentido de que é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, é morrendo que se ressuscita para vida eterna; forjou a acção dos que empenharam a sua vida para maior glória de Deus.
Apesar do que somos e pelo que somos, apesar da Igreja que foi, é e será e, precisamente pelo que a Igreja foi, é e será, saibamos, nos tempos que correm, ser daqueles a quem nada perturba nem espanta e só Deus baste. Com a Sua ajuda. Com a da Igreja. Com todos nós.

Edição
3923

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