A opinião de ...

Alguns alertas...

Ao longo dos últimos sete meses, temos sido bombardeados com as mais diversas teorias e estudos relacionados com a pandemia que nos tem estupidificado a vida.
E muitas orientações. Do 'não use máscara porque dá uma falsa sensação de segurança' ao 'use máscara porque não há segurança para andar sem ela'. Portanto, já ouvimos de tudo e o seu contrário.
Uma das alterações mais recentes emanadas pela Direção Geral de Saúde prende-se com a forma como são considerados, agora, curados os pacientes infetados com o novo coronavírus (SARS-COV-2, que nem sempre dá origem à doença covid-19).
Inicialmente eram necessários dois testes negativos. Passados uns meses, bastava um teste negativo, mantendo-se dois para os que estivessem internados no hospital.
Mais recentemente, foi decidido que bastam dez dias sem sintomas para se ser dado como curado.
Segundo a norma da DGS publicada na quarta-feira da semana passada, o fim das medidas de isolamento, sem necessidade de realização de teste ao novo coronavírus, dos doentes assintomáticos ou dos que têm doença ligeira ou moderada ocorre ao fim de dez dias, desde que, nos casos com sintomas, estejam sem usar antipiréticos durante três dias consecutivos e com "melhoria significativa dos sintomas".
O alerta que tem sido deixado por vários profissionais de saúde prende-se com o facto de que nem todos os corpos reagem da mesma forma e o facto de se estar assntomático não quer dizer que não se venha a desenvolver sintomas a seguir (pré-sintomáticos).
Sobretudo em casos relacionados com instituições, o cuidado poderia ser maior e o espaço temporal mais alargado, sob pena de se estarem a criar situações de autênticas bombas relógio.
Ora, já se sabe que o destino das bombas é rebentarem.
Numa altura em que o vírus parece mais ou menos instalado na comunidade do distrito e em que começam a ser registados casos em várias IPSS, é uma questão que merecia um olhar mais atento.

Ora, a nossa região aguarda com expectativa, todos os anos, a chegada do mês de outubro, altura em que começam a cair as castanhas, uma das maiores riquezas da região.
Em ano de pandemia, também neste setor existem muitas incógnitas, sobretudo com a forma como se vai comportar o mercado. Sem magustos nem feiras dedicadas, teme-se a descida de preços por uma alegada maior dificuldade de escoamento do produto.
Mas também já se começou a jogar ao póquer com os produtores, muitos deles de idade avançada, sem praticamente sem outro meio de subsistência, com o surgimento de rumores de arcas congeladoras cheias de castanhas.
Ora, se em Itália, o principal destino da castanha portuguesa vendida para a indústria (cerca de 80 por cento da produção), se verifica uma falta de castanha no mercado, já se sabe que a procura se manterá mais ou menos acesa.
Quando o bluff chega de atores da própria região, que deveriam proteger, torna-se, só, mais triste.

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3804

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