A opinião de ...

A pequena entrevista do sr. ministro

Aos 1042 elementos das Forças e Serviços de Segurança feridos em 2021 (há uma morte), conforme consta no RASI (pag. 120), o entrevistado deixou palavras de apoio em nome do governo. Disse que as agressões aos agentes de autoridade ofendem os valores democráticos de um estado de direito e violam os direitos. Contudo, deixou claro que a sua atuação, o uso da força, tem regras bem definidas e pauta-se pela observação dos princípios da adequação e da proporcionalidade. Poderia ter utilizado este argumento, o das agressões a polícias e também os números das queixas apresentadas contra a sua atuação na IGAI, no mesmo ano, no total de 11741, para se referir à dificuldade de intervenção e à complexidade das suas missões que envolvem sempre riscos variáveis e decisões que têm de ser tomadas no imediato e podem contender com o interesse primário dos cidadãos. Esta complexidade de atuação, agravada pelas más condições estruturais dos locais de trabalho, penosidade, dificuldade de meios, materiais e humanos, deveria ter sido invocada pelo sr. ministro para se comprometer, pelo menos, a atribuir aos polícias ao longo dos 4 anos desta legislatura, a todos os polícias, um subsídio risco de igual valor, já que não consegue prometer um vencimento base que lhes permita viver com igual dignidade em qualquer parte do país.
Não percebi, se este governo socialista e de maioria absoluta e o seu ministro responsável pela área da segurança interna, através das opções programáticas, estão empenhados em implementar um conjunto de medidas de caráter social para apoio aos polícias, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, em diálogo e colaboração com autarquias e, com esta política social, irá reduzir em um terço as despesas (habitação, alimentação, jardins de infância, creches, etc.). Então como vai ser sr. ministro, um agente da PSP em Lisboa terá creche gratuita e um guarda da GNR em Vinhais paga creche?
O entrevistado manifestou a sua grande admiração pelos jovens que abraçam a vida de polícia e da sua generosidade ao prestar o compromisso de honra. Do contacto de grande proximidade que mantem com os profissionais, reconhece o brio e a dedicação ao serviço público, a sobriedade com que assumem as suas responsabilidades num contexto de ameaças e riscos cada vez maiores. Era o que mais faltava que o sr. ministro não enaltecesse o trabalho daqueles que de si dependem. Apesar de muito positivo não é mais que a sua obrigação no momento em que aceitou ser seu primeiro responsável. Vamos ver se esse sentimento se mantém e até se reforça ao longo do seu mandato.
“A pressa é má conselheira quando o assunto é segurança e direitos humanos”. Mas é urgente aumentar a motivação dos polícias. Se se lhes exige um serviço de segurança pública de qualidade e estes o prestam, como está provado, é necessário retribuir em conformidade e não apenas com promessas.

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