Nordeste Transmontano

Urgência do hospital de Mirandela vai continuar encerrada em novembro e teme-se que não reabra mais

Publicado por Fernando Pires em Qua, 2023-11-01 09:21

Encerrada desde 8 de outubro, assim vai manter-se em novembro, mas na unidade hospitalar mirandelense já poucos acreditam que volte a abrir a especialidade de cirurgia geral naquele serviço de urgência.

A especialidade de cirurgia-geral da urgência do hospital de Mirandela, está, desde o passado dia 8 de outubro, sem qualquer especialista de serviço, e segundo apurámos junto de fonte hospitalar, assim vai estar, pelo menos, até ao dia 30 de novembro, dado que é a data limite da validade das escalas.

Os três cirurgiões, que sempre estiveram afetos ao serviço de urgência do hospital da cidade mirandelense, foram alocados, desde aquela data (8 de outubro) à urgência do hospital de Bragança, da mesma área de abrangência da Unidade de Local de Saúde do Nordeste, entidade que gere os hospitais do distrito, por constrangimentos na elaboração de escalas devido à recusa da maioria dos médicos em realizar trabalho extra para lá das 150 horas.

Sendo assim, os doentes que necessitem de ser vistos por um profissional de saúde daquela área, ou que tenham de ser submetidos a uma intervenção cirúrgica urgente, serão encaminhados para o serviço de urgência do Hospital de Bragança, a 60 quilómetros de distância.

Apesar de várias tentativas, a administração da ULSNE ainda não deu qualquer explicação oficial para esta medida, nem tão pouco esclarece se a situação será apenas provisória ou poderá vir a ser definitiva, tendo em conta que dois dos especialistas, agora alocados a Bragança, já têm uma idade avançada (68 anos) e se não houver novas entradas pode estar em causa, em definitivo, aquela valência, em Mirandela.

No entanto, vários profissionais de saúde do hospital da cidade transmontana confidenciaram à Terra Quente FM que já existem rumores de que os três cirurgiões em causa já não regressam e com isso pode significar o princípio do fim da urgência médico-cirúrgica (UMC).
Muitos anos de incerteza

Já não são de agora, os constantes rumores da possibilidade de despromoção do serviço de urgência do hospital de Mirandela, de médico-cirúrgica para básica.

Já houve mesmo denúncias da Ordem dos Médicos de que esta UMC está a funcionar sem algumas das valências que constam da listagem obrigatória num serviço com esta classificação e com poucos recursos humanos,

Em novembro de 2015, a população de Mirandela foi mesmo surpreendida, com a publicação em Diário da República, de um despacho assinado pelo então Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, que dava conta da desclassificação da urgência médico-cirúrgica (UMC) do hospital de Mirandela, passando a básica, no âmbito da reavaliação da rede nacional de emergência e urgência.

Uma semana depois, o ministro da Saúde fez saber que tinha havido um engano, garantindo que a urgência de Mirandela não fazia parte da lista de desclassificações.

A nota de correção foi dada a conhecer, no Portal da Saúde e a correspondente retificação foi publicada em "Diário da República", referindo que o despacho tinha saído com "inexatidão".

Oficialmente, o distrito tem duas urgências médico-cirúrgicas (Mirandela e Bragança), criadas em 2007, depois dos SAP’s (Serviços de Atendimento Permanente) de alguns centros de saúde terem ficado com médico à chamada durante a noite.

Como contrapartida por esta situação, foi estabelecido um protocolo entre os presidentes de câmara da região e a ARS Norte para criar a urgência básica de Macedo de Cavaleiros e as médico-cirúrgicas de Bragança e Mirandela.

A verdade é que a administração dos hospitais nunca cumpriu os requisitos definidos. Das valências médicas obrigatórias, algumas delas nunca funcionaram em Mirandela, e outras apenas têm o serviço algumas horas.

Assinaturas MDB