Bragança

População queixa-se que Pepim virou um “rio fantasma” em Aveleda

Publicado por Glória Lopes em Qui, 08/21/2025 - 08:50

Parte da população de Aveleda, no concelho de Bragança, juntou-se no passado domingo, 10, como forma de protesto contra o assoreamento do rio Pepim, que atravessa aquela localidade, do concelho de Bragança, onde há vários anos se reivindica uma intervenção para salvar o curso de água. “No leito seco e sufocado do Rio Pepim, na localidade de Aveleda, juntaram-se mais de cem pessoas. Homens, mulheres e crianças que, em pleno coração do Parque Natural de Montesinho, vieram mostrar ao país a sua indignação, a sua tristeza e a sua revolta. Vieram para testemunhar o luto de um rio que já foi fonte de vida e de orgulho e que é hoje um “Rio Fantasma”, onde a pouca água que ainda corre se perde sob milhões de toneladas de areia”, explicou Mário Gomes, presidente da União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor.
O problema não é novo. Há 16 anos que as areias das antigas minas de volfrâmio de Portelo começaram a invadir o leito do Rio Pepim. “Desde então, nada foi feito para travar de forma definitiva este crime ambiental. Pelo contrário, ano após ano, as chuvas arrastam mais resíduos, aumentando o assoreamento e matando lentamente o rio. Hoje, mais de 14 Km de leito estão hoje completamente assoreados”, indicou o autarca que considera as consequências “devastadoras”. “Ambientalmente, perdeu-se habitat natural, extinguiram-se espécies, cortou-se a circulação da água e destruiu-se a biodiversidade. Socialmente, afetou a agricultura, a pesca e até o turismo, que dependiam de um rio limpo e vivo. Culturalmente, tirou-se às nossas gentes um elemento central da sua identidade e memória coletiva”, acrescenta Mário Gomes.
O autarca destaca que se está a falar de um riacho escondido nos confins do país. “O Rio Pepim atravessa uma área protegida de elevado valor ecológico, o parque Natural de Montesinho. Isto significa que a inação dos sucessivos governos não foi apenas negligência, mas sim, incumprimento das suas obrigações legais e morais de salvaguardar o património natural”, afirmou.
A atual situação deve-se à “sucessão de promessas por cumprir, de intervenções paliativas que nada resolvem, e de silêncios cúmplices que nos revoltam”.

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