Entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Vila Flor

“Todos vão ter oportunidade de serem úteis”

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2021-11-04 10:00

Primeira grande entrevista do novo presidente da Câmara de Vila Flor, Pedro Lima.

Depois de ter perdido as eleições na primeira vez em que se candidatou, há quatro anos, Pedro Lima conseguiu este ano uma vitória expressiva.

Mensageiro de Bragança? Como é que se meteu nesta aventura de concorrer à Câmara de Vila Flor?
Pedro Lima:
Boa pergunta. Eu sou engenheiro aeronáutico de formação, licenciado em Inglaterra, mais concretamente Salford, e ainda exerci a atividade por Inglaterra e Brasil durante dois anos e, em 2004, já casado e com dois filhos, decidimos vir viver para Freixiel devido à ligação familiar que tinha cá. Os meus avós maternos são oriundos de Freixiel. Em 2004 viemos de armas e bagagens para cá com o intuito de reconverter uma casa agrícola que já está na família há várias gerações.
E, de alguma maneira, aquilo que foi evidente logo desde o início foi uma perda de oportunidades que víamos [acontecer] de uma forma muito clara.
Aqui neste território, mais concretamente Vila Flor, mas de uma forma geral no interior desertificado, e talvez uma capacidade de intervenção, de fazer alguma coisa não só pela terra, mas pelas suas gentes.
E foi aí que que fui entrando para a política, culminando com uma candidatura, que penso bem conseguida em 2017, mas que não atingiu o objetivo.
Uma particularidade que acho que tenho é a de não desistir.
E, seguindo esse lema, recandidatei-me em 2021 com equipas já mais reforçadas (as de 2017 eram excelentes e em 2021conseguimos ainda incrementar a qualidade e atingir o resultado que está à vista de todos).
Aquilo que eu gostaria de sublinhar é, em primeiro lugar, o conseguir virar uma página depois de 28 anos de uma administração [PS] com uma gestão autárquica do mesmo partido. Tendo demonstrado o povo de Vila Flor que é aquilo que quer e um comportamento exemplar a nível de participação democrática.

MDB.: Na tomada de posse falou em  três vetores fundamentais para o arranque do mandato. É a fixação de jovens, o cuidado com os mais idosos e o envelhecimento ativo. E depois de ultrapassada essa primeira fase, qual é a sua visão para estes quatro anos? Quais são os principais objetivos que pretende implementar?
PL.:
Outro vetor também muito importante mas do qual eu não falei anteriormente, que é a criação um pelouro da Agricultura. Pode parecer um pro forma, mas não é. Para já, é para dar a atenção necessária que a agricultura tem como atividade e que nunca foi dada pois sempre foi tratada como o parente pobre.
A visão política futura tem que ser centrada nessa atividade principal de onde todas as outras poderão verter. E a agricultura tem que ser colocada no centro mesmo para potenciar todas as outras. É como se olhássemos para a agricultura como a nossa âncora, a nossa identidade.
É preciso trabalhar com os empresários agrícolas que não têm um apoio por parte da Câmara Municipal. Porque para quem trabalha na terra é bastante difícil ter que estar à procura de como se licenciar, como iniciar atividade, como se candidatar a um fundo europeu ou a um subsídio.
Será muito mais fácil se tivermos um “tradutor”, que é municipal. Temos colaboradores de todas as áreas de alto calibre d profissional e que podem, em alguma medida, contribuir para facilitar a vida dos empreendedores.
Numa outra vertente, uma coisa que fica sempre para trás e é sempre remediada são os acessos, os caminhos agrícolas.
Eu sei que faz parte de qualquer programa eleitoral de qualquer candidato no nosso distrito mas aqui eu sublinho esta ação porque nós nunca lhes demos o relevo necessário.
Aos caminhos agrícolas não se devia dar um remedeio apenas por altura das vindimas, da cortiça ou seja de que cultura for.

MDB.: Ou seja, com a mecanização da agricultura, é necessário que os camiões também tenham acesso...
PL.:
Dou-lhe um exemplo muito simples. Na Vilariça produzimos fruta de excelência mas o grau de rejeição dessa fruta é inaceitável. Não vou dizer que é tudo por causa dos caminhos mas há cerca de 40 por cento de rejeição.
Portanto, imagine em cada 10 pêssegos, deita quatro ao lixo ou vão para sumo.
Não vamos transformar todos os caminhos agrícolas de Vila Flor de uma vez só.
Mas se tivermos um plano estratégico e articulado com cada junta de freguesia, ter um nível de prioridade em termos de utilização em termos necessidade de cada caminho, para a sua adequação ou até pavimentação, conseguiremos ao longo do tempo fazê-lo e termos todos os caminhos em bom estado de conservação.
Nos últimos quatro anos, se já tivéssemos começado, já podíamos ter pavimentado todos os caminhos do concelho.
Isto é como diz o povo, fazer bem ou fazer mal demora o mesmo tempo. Portanto, vamos logo fazer bem.
O pelouro da Agricultura é importante por isso e por dar uma visão estratégica à agricultura. E tenho uma equipa empenhada em fazer isso mesmo. E estou a falar só na vertente produtiva. A vertente empresarial e o escoamento do produto vem a seguir, queremos um apoio feito de uma forma de uma forma mais audaz.
Foi criada a marca e a Feira Terra Flor. Foi uma boa iniciativa quando nasceu mas que, ao longo dos tempos, foi sendo desvirtuada.
Tanto é que a Terra Flor, nas últimas edições, acabou num parque de estacionamento subterrâneo e isso diz tudo quanto ao relevo que tinha.
Inicialmente, até estava a ir bem, tinha uma certa dimensão, uma certa projeção.
Acho que uma feira de produtos da terra, o que precisa, acima de tudo, é de projeção, principalmente nos mercados alvo. À Terra Flor faltou quem acreditasse nela porque foi isso que falhou.
Explico de uma forma muito simples. Eu sou produtor de vinho. Não vou à Terra Flor comprar vinho. Um produtor de fruta não vai à Terra Flor comprar fruta. Eu quero que venha gente de fora para comprar fruta, quero é que venha gente de fora para comprar vinho. Se não conseguimos a projeção adequada, não vamos conseguir cativar o público alvo a vir cá, o que já é difícil porque há muita diversidade de feiras e atrações durante o verão e que competem com esta nossa iniciativa.
Portanto, a Terra Flor tem que tomar outro passo que é internacionalizar-se, tem que criar uma feira de especialidades.
Não podemos ficar só no formato tradicional e esperar que o público venha cá.
Nós temos que ter o formato de mercado, a Vila Flor trazer cá o mercado especializado,
como se fosse uma feira gourmet para a qual são convidados os compradores. Está tudo dentro do total pelouro da Cultura. Identificamos que as adegas de uma certa dimensão são o nosso comprador. Vamos fazer um convite, fazer uma feira especializada para vinho, onde o comprador é um comprador empresarial. É convidado para vir até à origem do produto e degustar, conhecer os produtores e estabelecer uma relação comercial.
Não estamos aqui em inventar a roda.
Foi isso que me impulsionou realmente a estar aqui hoje, o ver que desperdiçamos tantas oportunidades.
Nós não devemos ter problemas nenhuns em fazer igual.
A feira devia regressar àquilo que era inicialmente, que era uma feira de produtos e sabores, feita já em julho porque também aproveitava a vinda de imigrantes e separava-se da festa religiosa.
E tem outra vertente que é a internacionalização.
Portanto, há produtos específicos que operam em mercados diferentes. O mercado internacional é um mercado complexo e diverso mas tem uma vertente que é o chamado mercado da saudade que é muito interessante para uma certa faixa de produtos.
E depois tem um que é mais específico, os tais chamados nichos de mercado e que apreciam imenso produções de vinho específicas, exclusivas. É por isso que é preciso uma estratégia. Não é só dar a mão ao empresário, é também ajudá-lo abrir a porta e ajudá-lo a vencer no mercado.
Os nossos produtos são os melhores produtos que pode haver no mundo. Não tenho dúvida nenhuma que o azeite de Vila Flor é o melhor azeite do mundo e não tenho dúvida nenhuma que se produz um dos melhores vinhos em Vila Flor. É como no mercado da fruta, frutos secos, do mel e por aí fora. Portanto, temos produtos muito diversos muito bons. O problema que temos é a colocação no mercado porque não temos escala. E isso é o que é interessante analisar.
Nós ganhamos medalhas de ouro em tudo o que é concurso. Mas depois, quando chega a altura de pôr na prateleira, não conseguimos. Porque a nossa produção normalmente é uma produção muito limitada.
É preciso fazer um trabalho e uma caminhada, percorrer esse caminho lado a lado com os produtores e ver um trabalho que não dá frutos imediatos mas que, com certeza, vai trazer aquilo que nós precisamos que é os nossos produtos não podem ser escoados de uma forma massiva mas têm que ser valorizados por aquilo que são e para isso têm que estar à mesa de quem aprecie e esteja disposto a pagar.
Um azeite de Vila Flor leva com ele parte de Vila Flor e isso também se paga e há quem goste.
Numa conversa, num jantar, num almoço de amigos, beber um vinho e de contar a história da terra de onde esse vinho veio.
Estou a chegar a outro propósito político que temos que é a valorização do ser vila florense. Vila Flor não tem um dia de celebração de mérito, de retribuição.
Temos tanta gente que se evidenciou, desde a nível cultural, literário, desportivo, musical.
Não existe um dia de Vila Flor em que essas pessoas sejam reconhecidas pela Câmara Municipal, pelo município.
Pode parecer menos importante mas eu penso que não.
Quando reconhecemos o mérito desportivo de alguém estamos a reconhecer um exemplo, estamos a dar uma indicação de que praticar desporto, de que ser-mos bons naquilo que fazemos é acarinhado pelo município.
É importante porque nós temos que traduzir isso tanto a nível dos nossos produtos como também a nível das nossas vivências. Até para evitar perder mais população.
Temos uma ação, que se chama ‘Da natalidade à universidade’ e que também vem ao encontro disto. Incentivar só a natalidade denota uma falta de estratégia.
O mais o mais importante é acompanhar todo o trajeto desde o nascimento até aos estudos superiores. Quem é pai e mãe sabe perfeitamente que o verdadeiro desafio é quando eles [filhos] vão para a faculdade.
E nós temos uma estratégia de acompanhamento ao longo dos vários graus de ensino mas, principalmente, ao nível universitário e ajudando financeiramente os pais mas, também, criando um sentido de apoio ao estudante universitário ou até ao estudante que está fora de Vila Flor mas que pertença a Vila Flor, criando um núcleo de estudantes de Vila Flor apoiado pela Câmara Municipal.
Nem só de apoio financeiro se traduz o sucesso do estudante. Muitas vezes, uma deslocação fora do nosso local habitual de residência significa a saída de uma zona de conforto. Se tivermos uma estrutura de apoio, que não é muito complexa e passa pela criação de uma página na internet, um número de telefone, até um apoio de como procurar uma casa, como encontrar transporte, e por aí fora, vai-se também traduzir num sentimento de segurança. culminando com o alinhamento através do desenvolvimento dos estágios em Vila Flor.
Digamos que a motivação para o retorno, para a fixação na sua terra, cresce porque a sua terra foi com ele, esteve sempre com ele.
Temos que voltar a ter esse sentido de comunidade e criá-lo através destas iniciativas, através de um conhecimento íntimo, real, daquilo que se faz e como se faz e as verdadeiras dificuldades que se sente ao fazê-lo.
Outra iniciativa de que tenho que falar porque penso que vai trazer muitos sorrisos e alegrias a muita gente é a criação da Universidade Sénior.
Tem tudo a ver com o envelhecimento ativo. O PSD fez um projeto que nunca foi executado. É deplorável na política às vezes não se saber reconhecer o mérito do opositor e não aproveitar as boas ideias. Já tive a oportunidade de dizer aqui e sempre que me vieram à cabeça di-lo-ei. A Terra Flor foi uma excelente ideia. E nós vamos levá-la mais longe, com o mesmo nome. Mas a nossa universidade sénior nunca foi criada. A Universidade Sénior, nestes territórios, tem outra dimensão.
Para já devido a haver muito menos gente, pessoas com mais de 40 anos podem participar.
Vai criar uma dinâmica bastante interessante porque vamos ter pessoas de faixas etárias bastante diferentes e com experiências muito diversas. Posso dizer que já estamos a criá-la. Começámos esse trabalho logo a seguir às eleições, de uma forma ainda informal mas já temos inúmeros voluntários, já temos assegurada a aprendizagem de tapeçaria de Arraiolos, por um ou uma pessoa com 85 anos.
A minha mulher vai participar e vai ensinar inglês a quem quiser também participar.
Mas, acima de tudo, não é só o que o que aprendemos, é, também, o que ensinamos.
Ou seja, todos vão ter a oportunidade de deixarem a sua marca, de serem úteis e se sentirem úteis.
Vamos iniciá-la com um pólo em Vila Flor e futuramente estendê-la às aldeias. O objetivo é lançar a ‘primeira pedra’ ainda durante este ano.
A única dificuldade prende-se com o lugar físico e a sua reconversão para esta atividade.
Nós não vamos fazer tudo sozinhos. Porque valorizamos muito as instituições e associações concelhias. Tanto desportivas como recreativas ou culturais ou de outra natureza. Vamos tentar agitar um pouco as águas aqui em Vila Flor estabelecendo parcerias aos mais variados níveis e um nível que eu acho que é muito importante desenvolver é de encontros ou convívios intergeracionais.
Queremos transformar em algo útil a vida daqueles que de certa forma sentimos que estão encostados.
É dizer-lhes que as experiências que eles acumularam fossem elas em que atividades fossem devem ser partilhadas. A imagem que eu ia dar era a de um pastor já reformado a contar histórias de quando ele era jovem a um grupo de crianças e estabelecer esse tipo de respeito, de admiração e de conhecimento de uma atividade e de uma vivência que hoje até pode parecer impossível que naquele tempo se vivesse assim e se fizessem as coisas assim. As associações vão ter participações aos mais variados níveis. consoante o desejo e oportunidade. A nível físico, de transmissão de histórias e experiências, e também a nível urbanístico, de como é que era uma casa nesse tempo.
Para as nossas crianças ganharem novamente aquele sentimento de pertença ao território que foi descurado.
Acho que é um trabalho aliciante que temos pela frente.
Não falei num quilo de betão nem num paralelo, porque isso são obrigações. A manutenção dos edifícios, a concretização de obras estruturantes como barragens ou estradas ou edifícios têm que ser feitas para as pessoas. E nós, hoje em dia, o que temos que cuidar é das pessoas. Se calhar já cometemos erros em algumas obras que executámos (digo se calhar para não estar a entrar na lógica da crítica), e se calhar desperdiçámos oportunidades e desperdiçámos pessoas.
E é uma obrigação de qualquer pessoa que esteja nesta posição de satisfazer as necessidades de construções ou de obras eventuais da população.
Agora, o primordial é entender o que é ser vivo, como é que se vive cá, como é que se poderia viver cá e mostrar esse caminho e percorrê-lo com cada uma das pessoas que vivem cá. Esse é o desafio e a motivação que vou ter todos os dias ao entrar nesta câmara municipal.

MDB.: Falou da questão do betão... Uma das apostas do executivo anterior passava pelo lançamento de uma série de obras. O que é que pretende fazer com elas? Os projetos serão para reconverter, para manter, para cancelar? Já pensou o que é que irá acontecer a esse nível?
PL.:
Tento evitar ter de desfazer.
A perspetiva que nós tomámos enquanto estivamos na oposição  sempre foi a de não obstaculizar, de não ser oposição só por ser oposição. E as obras pelas juntas de freguesia todas, normalmente terão sido requeridas ou concordadas com a autarquia local e a nossa lógica foi sempre a de apoiar. E, portanto, essas terão a utilidade que as próprias juntas de freguesia acharem melhor.
Quanto às obras que se focam mais em Vila Flor, evidentemente, que nunca escondi predileção por umas e por outras não.
A questão do regadio e das barragens com certeza é uma questão a manter e, se possível, ampliar.
A única situação que disse é que eu acho que não deva ser por aí que se devam tirar louros. Porque, como todos nós sabemos, o Plano Nacional de Radios é um plano nacional e contempla não só as barragens na nossa terra como por todo o país e é um plano estratégico nacional, definido a nível central.

MDB.: E o novo projeto de ocupação da praça, uma obra que causou alguma polémica?
PL.:
É muito difícil falar sobre a obra da praça porque aí se nota, realmente, ao que chega o extremo do desfasamento com a população.
Quando tudo podia ser simples tudo foi tornado complicado e feio, na minha opinião.
Ali há vários problemas. A obra foi financiada e obedece a um projeto, de autoria de um arquiteto, que tem direitos. Já analisámos isso e o meu sentimento é o de que tem de se fazer alguma coisa. Em retrospetiva, nem quem a defendeu na altura ainda o consegue fazer agora. Houve a tentativa de florear a situação.
Se fosse por convicção, não precisavam de ser depositadas floreiras a toda a sua volta.
Não precisavam de se ir buscar uns repuxos que nada têm a ver com a nossa identidade, tinha-se deixado ficar a obra como estava projetada.
Mas como houve a perceção de que havia uma oposição veemente da população e, talvez, atrevo-me também a dizer, alguma dúvida de quem a defendia, começou-se a tentar remediar. E, como nós sabemos, o remedeio é sempre fraca solução. Custa-me falar porque está ali muito dinheiro investido e podia ter sido feito de outra maneira.
E agora o problema fica para quem cá está. Sempre que paço ali não me revejo. Há quem passe mais e quem tenha mais idade do que eu. A memória de Vila Flor foi tocada.

MDB.: Tem de se aplacar essa ferida?
PL.:
Eu acho que sim. Essa é uma delas. Evidentemente que não vamos deitar nada abaixo. Vamos tentar adaptar da melhor maneira. Não existe um edifício em Vila Flor que tenha sido feito para esse efeito [Universidade Sénior] e vamos ter que adaptar, tentando limitar a utilização de recursos financeiros ao mínimo.
A palavra de ordem vai ser adaptar e embelezar. Vamos fazer outra coisa que tem sido esquecida nos últimos anos por haver realmente uma fixação tão grande de construir e construir para perpetuar uma posição que foi esquecida a manutenção, tal como a população foi esquecida.
Foi também esquecida a manutenção de muitos edifícios aqui em Vila Flor e pelas aldeias fora e nós precisamos de fazer um plano de recuperação e manutenção de todo o património arquitetónico do município em vez de pensar em construir mais.

MDB.: Ao nível da saúde financeira da autarquia, era o que estava à espera?
PL.:
Ainda não constatámos exatamente a situação. Vou-me lembrar sempre do número que o anterior Presidente publicitou, que era de 3,5 milhões de euros na conta.  Temos que avaliar corretamente porque o que não foi publicitado foi o nível de comprometimento que a Câmara de Vila Flor assumiu nos últimos seis meses antes das eleições.

MB.: Na tomada, a dada altura falou de uma forma diferente de fazer as coisas e acabar com os insultos. Porquê?
PL.:
No dia 26, quando celebramos a vitória, fiquei com duas palavras na cabeça e foram as duas palavras que tentei transmitir à multidão, que era a União e Vila Flor. Apelei a que todos baixassem as bandeiras partidárias que que se unissem em torno de uma só bandeira, Vila Flor. E pedi até uma salva de palmas ao engenheiro Barros.
Pelos serviços até então prestados ao município de Vila Flor, foi a forma mais digna que eu encontrei de comemoração de uma vitória. E disse outra coisa. O que foi dito até dia 24, fica no passado. A partir de agora vamos fazer a construção deste caminho juntos. Portanto, a palavra união é a palavra para conseguir expressar isso e traduzir-se numa convivência perfeitamente salutar onde todos foram bem vindos, estivessem “do outro lado” no dia anterior, sem problemas nenhuns. Infelizmente durante a campanha eleitoral, penso que houve alguma irresponsabilidade em termos de retórica e eu não podia deixar de dar essa palavra à população e dizer que não. Além da retórica também houve pressões enormes sobre pessoas e pessoas com medo. E eu não podia deixar de demonstrar essa força e de assegurar às pessoas que, a partir de agora, o caminho que vamos seguir é um caminho limpo. Não há lugar a medo porque eu não vou exercer pressões. A minha bandeira é Vila Flor.

 

Assinaturas MDB