PS perdeu quase quatro mil votos no distrito, AD e Chega só ganharam 2500
O Partido Socialista, sozinho, perdeu 3742 votos no distrito de Bragança face ao resultado que tinha tido nas eleições legislativas do ano passado. Contudo, a Aliança Democrática, que tinha vencido em 2024 e voltou a vencer agora, só cresceu 1534 votos, enquanto o Chega subiu 1072. Juntos, não conseguiram a soma dos votos perdidos pelo PS.
De facto, PS, Bloco de Esquerda (menos 813 votos) e ADN (menos 516) foram os principais perdedores das eleições de domingo no distrito de Bragança.
Se PS e BE sofreram erosão política, o caso do ADN será diferente, pois a sigla deste partido permite confusões com a da coligação entre PSD e CDS (Aliança Democrática), pelo que muitos dos votos perdidos tiveram que ver com a maior informação disponível após a polémica de há um ano.
Ainda assim, o resultado do ADN, que passou de quarto para quinto lugar entre os mais votados, perdendo um terço dos votos obtidos em 2024, será ainda influenciado por essa confusão.
Chega ficou a 1018 votos de eleger um deputado
Mas se estes são os principais derrotados da noite, outros há que venceram, apesar de não poderem festejar em pleno.
A AD festejou por manter os dois deputados que tinha, Hernâni Dias e Nuno Gonçalves, apesar das polémicas que envolveram o antigo Secretário de Estado. Mas tendo em conta a derrocada do PS que, como se disse, só no distrito de Bragança perdeu quase quatro mil votos, a AD só garantiu uma subida de 1500.
Já o Chega não acompanhou a tendência nacional. Em todo o país, o Chega subiu mais de 21 por cento na votação, ultrapassando 1,3 milhões de votos, mas no distrito de Bragança garantiu apenas uma subida de 12 por cento, continuando sem eleger um deputado.
É mesmo o único distrito do país em que não conseguiu eleger um parlamentar, tendo ficado a 1018 votos desse objetivo.
O Chega conseguiu 14288 votos nos 12 concelhos, ficou em segundo em alguns deles, como Mirandela, Mogadouro, Vila Flor ou Carrazeda de Ansiães, mas esses 14 mil votos não serviram de nada.
Tudo porque o sistema utilizado em Portugal é o método de Hondt (ver caixa), que penaliza os partidos mais pequenos nos concelhos em que se elegem menos deputados.
Outros vencedores no distrito de Bragança foram o Livre, que subiu 65 votos, e a Iniciativa Liberal, que se tornou na quinta força política mais votada no Nordeste Transmontano, com mais 288 votos.
Ainda assim, vitórias sem consequências práticas, pois não se traduziram na eleição de deputados.
Desta vez, a AD conquistou os 12 concelhos, com o PS a perder também em Freixo de Espada à Cinta, onde tinha ganho no ano passado.
Em Bragança, por exemplo, ganhou 29 votos enquanto o PS perdeu quase mil (948), enquanto Chega (mais 401), IL (mais 216) e Livre (mais 33) subiram.
Em Mirandela, terra da candidata do PS e atual presidente da Câmara, Júlia Rodrigues, venceu a AD, com 5105 votos (mais 87), com o Chega a ficar na segunda posição (a lista era maioritariamente composta por membros do concelho), com 3216 votos, mais 290 do que há um ano. O PS caiu para terceiro, perdendo 519 votos.
Macedo de Cavaleiros foi o concelho onde o PSD mais reforçou a votação (mais 416 votos), seguida de Mogadouro (mais 213).
A CDU foi quem teve os resultados mais estáveis, face ao que acontecera há um ano, com uma variação negativa de apenas 48 votos no distrito. Os votos em branco tiveram a mesma percentagem (1,22 por cento), assim como os nulos (1,33%, tinha sido 1,34% há um ano).
Sistema eleitoral penaliza mais pequenos
De acordo com a Comissão Nacional de Eleições, O método Hondt é um modelo matemático utilizado para converter votos em mandatos com vista à composição de órgãos de natureza colegial.
Este método tem o nome do seu criador, o advogado Belga Victor D’Hondt, nascido em 1841 e falecido em 1901.
Os dois tipos de sistemas eleitorais são o sistema Maioritário e o sistema de Representação Proporcional (RP).
O sistema de RP caracteriza-se, essencialmente e de modo simples, pelo facto de o número de eleitos por cada candidatura concorrente a um determinada eleição ser proporcional ao número de eleitores que escolheram votar nessa mesma candidatura.
Ora, no âmbito deste sistema existem várias fórmulas ou modelos matemáticos que podem ser utilizados para transformar votos em mandatos a atribuir às candidaturas concorrentes a certa eleição, sendo o método de Hondt um deles.
O método de Hondt, integra a categoria dos métodos de divisores - por contraposição à categoria dos métodos de maiores restos - pois a operação matemática consiste precisamente na divisão do número total de votos obtidos por cada candidatura por divisores previamente fixados, no caso 1, 2, 3, 4, 5, e assim sucessivamente.